quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Seiva purificadora - 150906

A palavra sopra
na insignificante cadeia
crepuscular do mundo



Está dita
nos disciplinares da mente



Incendeia com surpresas
rotula paixões
indaga e protege



Enroladas nas carícias da meia-noite
as palavras caem lentas
nos recônditos mais profundos
da teia que tece o fio da esperança



Enrustidos de favos compenetrados
num sistema de odes versiculares
o mais alto grito assemelha-se
ao canto anônimo do melro



Grito agudo angustiante
apelo contriste
subjugado pelo repassar do tempo
que angustia pensamento
sobe e desce
para mostrar que é insano



Um sibilar tênue recoberto
pela capa do pensamento
noite e dia se insinua
modestamente
num vaguear insano
soprado pelas gotas de orvalho
que molham visões perdidas
até encontrar o elo
que traz a reconstrução



Início e fim melancólico
daquele que canta
no aconchego da alcova



Pensamentos vãos recheados de glorificações
insistem em parodiar temas
rotular mente aflita que vive na aura tenaz
subjugada pelo destemor



Até chegar ao certeiro ponto da meditação
enfurecida pelos dons que deslizam
dos dedos e precipitam-se
sobre a folha branca receptiva



A batuta compassada da pena
colore
deixa mensagens



Alcança corações abertos ao sopro
contínuo das palavras que soam
no retinir das badaladas
recebendo seiva purificadora do poema
que alardeia pensamento



Pensamento embaçado de letras
desregradas amontoadas
pede seqüência lógica
para dar respostas ao cosmos
precipitando-se no abismo incontrolável
do saber para ler e chegar ao ponto
culminante contido nas nuanças
refletidas no rio que percorre alma
congestionada pelo fluxo
elementar do saber.
Nety Maria Heleres Carrion

Nenhum comentário: