segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Doçura da fala - 26122011

O que faço
é levado ao espaço
que me dá resposta no meio da noite

Ao som de tambores
aquece meus dias e inspira tarefas
engarrafadas na consciência demagoga
nos arredores da vida

O que me assalta são os valores
recebidos nos caminhos
que se desvirtuam a passos largos
no trem bala dos sonhos

Sigo rotas traçadas
pelo destino e me recolho ao ninho
sem pensar que por trás de tudo
desalinho meus consertos e torno a arranjá-los
de forma perfeita
como manda o figurino

São trejeitos
que não cabem no espaço em que vivo
pois dependem da arte
que transfigura os moldes da poesia
estrutura cada enlevo
mescla rotina e sabatina tudo
ao meu redor

Questiono meus versos e lanço-os
no universo
onde dão vez e voz
à doçura da fala

Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 17 de dezembro de 2011

Abóbodas criativas - 15122011

Os mistérios que movem os seres da natureza
nos dão certeza de que verdades e mentiras
estão intimamente ligadas com o desenrolar das tabuadas
que se contradizem na esfera do pensamento

É salutar esse ser ou não ser
esse acreditar ou não acreditar
que verdades e mentiras caminham juntas
em tormentas ou estios
para chegar a um consenso da crença
em um desempate gerador da sensatez
que intercede na escolha das indagações
geradas no universo da natureza

Os feixes de luz que circulam ao meu redor
dissipam dúvidas embalsamadas nas linhas do tempo

As luzes encenam olhares
pelo mundo da fantasia e da realidade
em tons que se abrem aos ruídos
formados pelo ir e vir
do passado

As preces do entardecer liberam sons que se calam
sempre que as vozes se levantam
para sugerir ou criticar eventos
em desalinhos

Momento captado pelas imagens
que se deturpam na imensidão dos tempos e desafiam
todas as regras na vastidão das eras

Sem mais nem menos o assédio das conquistas
provoca desditas nos transparentes caminhos
da imaginação

A dor da desdita
sobressai nos clarões da conturbada lei
negociada na paz e na guerra
entre os gênios que se manifestam
 nas comédias e tragédias

Consolo
que ultrapassa os umbrais do pensamento
com mensagens estereotipadas
que lembram etapas de um todo
que não volta mais

Tudo corre ao meu redor e o sentimento
sobrepuja as falhas da fantasia
e da realidade

Nessa crendice
me deparo com espetáculo circense

De cambalhota em cambalhota chego à cena
imposta pelo desejo de rodar
rodar na corrida que embala o meu eu
para os eus centralizados no mundo das ideias

Sem misticismos

Sem coerência
mas latente
pulsando com o vento norte ou sul
exposto no aqui e no depois

O talento esvoaça
pelos canteiros da imaginação e se interlaça
nas abóbodas criativas onde o verbo
marca presença

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Era digital - 05122011

A minha memória registra o tempo
que se dissolve na era digital
com apelos de todas as cores

Marcas de cada passo
registradas em voos de pirilampos
soltos numa aquarela que reluz
na auréola encantada

Versos mirabolantes
que se estendem do A ao Z

É o capricho da hora
nos repentes da madrugada
que assola as paradas do tempo
com inventos que refrescam
os momentos de lazer e tornam os dias
prazerosos e gentis

Extremos açoitados pelos dias e noites
colados nas costas do amanhã

Isso tudo me agrada e passa a ter ousadia
nos tempos da vida

Isso nada mais é do que a liberdade de criar
aquela canção que rodopia na saudade

Canção que vem e passa os contornos
ensaiados ao longo da vida
cansada ou ativa
que merece aconchego
em estilo real

Canção que reflete a paz
consoladora dos dias

Primo pelo destino
que encerra mistérios e milagres
na caixa do saber

Fraldas do tempo
que se unem às imagens e se acoplam
no rosto da aurora

Conduzem mensagens nas copas do tempo
com chiados do vento viril e despencam
com odores de primavera

É nessa esfera que revivo o esplendor dos tempos
que retinem nos tímpanos do pensamento
e alugam terrenos da memória
de tempos em tempos

Hoje o sonho foi além dos limites
da consciência

Deixou esperança
que ultrapassa a barreira do som
num tom que reflete as calorias abastadas
de sombras e luzes

Transita nas escolas do tempo
e sustenta o mundo das ideias

E isso chega de mansinho
e toma conta de tudo que se instala ao redor
sem deixar vestígio

Nety Maria Heleres Carrion

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Doce aceno - 01122011

Nesse pedaço de chão
tudo pulsa embalado
pelos ditames do coração

Pulsa o dia
pulsa a noite
pulsa o espectro solar
em sintonia com o universo

Um vai e vem de emoções
que circulam nas rodas do mundo
carregando consigo
a barca do pensamento
que atrai conquistas
esperanças

Nesse pedaço de chão
navegam mil pensamentos
e nas asas do vento
se bifurcam num doce aceno
que desperta euforia
nas horas do riso

Nesse pedaço de chão
não há tempo para lágrimas

O pensamento recheia os vãos
do universo e o resto
povoa os ares nas andanças
pelo mundo da fantasia

Nesse pedaço de chão
a casca do amanhã
envolve riso e dor e se abre
na passagem dos astros
que atropelam os vastos campos
da imaginação

Pedaços de história
que incorporam e revertem
o meu tudo
com as carícias indeléveis do tempo
que não volta mais

Pedaços soletrados
nos grãos de areia
que as intempéries registram
para a eternidade

Na vida
são as pequenas coisas
que nos impedem de voar
para outros mares

Inércia irreverente
pregos do comodismo
que nos prendem aos mistérios
de todos os tempos

Nety Maria Heleres Carrion