quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reflexão - 241109

Repouso meus lábios

Na face corada
Da noite

Pensamento atraído para os dons

Retidos nos relicários perdidos
Nos desertos da vida

Escolho o caminho mais curto

Do esquecimento que arrasa

Olhos e percorre
Longa estrada

Chego à tenda dos troféus

Arrebito o andar trôpego e alço voo

Na corrida pela reflexão íntima


Nety Maria Heleres Carrion

Coração de Papel - 231109

Meu coração é de papel

Amassa
Embola
Voa
Mas retorna

Com o listel de sua era


Tropeça nas figuras

De estilo e rodopia o brilho do destino
Alado ao vento da esperança
Que tudo pode e tudo faz.
Nety Maria Heleres Carrion

Calvário da noite - 231109

O assoalho do pensamento
está machucado pelas asperezas
da sola gananciosa
que a escola enrijecida apregoa
na rotina dos dias

A tocha da ilusão incendeia
corações que deslizam
na passarela da paixão

Espreita os caminhos
da verdade

Esconde o calvário da noite na garrafa
das lembranças e joga nos destroços
sem ida nem volta

Escolho o som da natureza
que resvala nos condutos
perfumados da existência e se une
ao balanço ritmado dos trejeitos
amendoados da emoção
crescida nos arrabaldes

Nety Maria Heleres Carrion

Sabor da fantasia - 161109

Em vão invado o teu olhar
a procura de não sei o que
e o que encontro
não me satisfaz


Melhor seria
nem sequer te ver


A sombra que ofusca o teu olhar
apaga a carícia e o desejo
de te mimar


Guardo na retina
o sabor da fantasia.



Nety Maria Heleres Carrion

Máscara da face - 161109

De cabeça quente enquadro

redomas de cristal
aquecidas nos biombos estressados
do universo

Versos que escapam das algibeiras

num bailado esvoaçante
nas lisuras das asas
de borboletas

Dependurada nas cordas da inspiração

a máscara da face titubeia
ante o colorido da platéia e tateia
sorrisos e aplausos


Nety Maria Heleres Carrion

Poemas do amanhecer ao anoitecer - 121109

Estou poeta e meu tema
é fazer poema
do amanhecer ao anoitecer


Crio cenas
no cenário


Furto cenas
extraio lemas dos emblemas


Bisbilhoto a rotina
das aquarelas


E na jogatina dos dias
sabatino o tempo.



Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Seção de Autógrafos 2009


Serviçal da poesia



Cavoco sentimentos
Pra massagear meu ego

Não nego nem renego
Os instrumentos que me fazem
Rir ou chorar com inventos
Que me dão arrego nos abismos
Carregados de luz

Derreto as horas congeladas
No silêncio da madrugada e aparo
As gotas que driblam o momento

Cego o cérebro percorre vielas
Ate o portal das noites que decifram
Contos amassados no ritual
Majestoso do sonho

Volto e me debato nas teias
Alicerçadas no pensamento

Fito ocultos momentos e sinto o gosto
Do verbo que habita a mansão do saber

Tateio sombras e luzes
Faço figas e cruzes
Abuso das rimas e conserto
Minhas elegias

Sou serviçal da poesia

Lua dos meus desejos - 091109


A lua dos meus desejos
exala luares milenares
 se embola na tela
do firmamento
se faz filete
faz chorar
faz sonhar
faz sorrir
A lua dos meus desejos
esconde a face e vira mistério

A face da hora
devora a roda da vida e atrofia
o esplendor dos tempos.

Um chão de forças

evoca sons e imagens
no palco da vida

Dissipa os ventos da solidão
traz consolo agita o andar
é rochedo e aguarda
o sinal para passar



Um chão de forças tem partituras
de fé e ramalhetes de emoções
curtidas na pele pelo frio
pelo sol e pelo sal
do tempo



Escuta e modifica ecos e sons
nomes e verbos



Ondula
olhos e boca



Indaga e se afoga
Entre alicerces e torres



Um chão de forças desembrulha
sombras humanas atadas
aos cordões de um tempo
que não houve e conversa
com o hoje e o amanhã.



As ruas do meu destino
marcadas pelo tempo
são conselheiras
na solidão



Desafogam credos
temores e ansiedade



Nas ruas do meu destino
hibernam sentimentos
sonhos e fantasias
idéias e ideais

As ruas do meu destino
gastas ou ainda cruas
mastigam falas
ocultam segredos
disparam milagres.



A madrugada bizarra
voa
em busca do nada

Fala ao vento
numa comunhão cósmica
com hospedes que incendeiam
o universo da mente

Bruma sonolenta
sacode o coração
aos tropeços

Passos falsos
num chão de arabescos.

Nety Maria Heleres Carrion