quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Mundo bíblico e serestas - 021108



O galo cantou no céu
da madrugada e a passarada
entoou gorgeios
em disparada

O mundo dorme
compenetrado

Jaz inerte
sono profundo
pálpebras cerradas
ouvido fechado
ao pedido de socorro
do morro

O galo esperto
desperta o mundo enfermo
à espera de milagres
de cabeças pensantes

Natureza à disposição
possibilitando o viver benfazejo
aos pés dos seres vivos

Mundo tostado
pelo descaso

Mundo bíblico
de Adão e Eva.


Na harpa dos sonhos aroma de flores
coração puído deserto de sons

Na capina da vida sol varrendo
esquinas restos raspados à mesa
migalhas na cabeça
falhas e alegrias
nos dentes

Serestas de anjos
na Ceia de Natal.

Nety maria Heleres Carrion

Mar - 021108

Céu de novembro
esteira do mar
sem eira
nem beira

Desfio sonho
cantarolo
a última canção

Sacudo
o compasso dos dias

Belisco
o caminho e acordo
sem eira
nem beira

Sem flor pra cheirar
na beira do mar.

Nety Maria Heleres Carrion

Dá-me dó - 200907


Dá-me dó dos que não solfejam
em remenor ou mibemol
pois fasolafora si soubermos
solfejar

Doremifasolasi vibram
sem parar
vibram no céu e no mar

Pautas e claves
rendem graças e as notas
musicais suspiram nas teclas do piano
valsando
nas carícias das mãos

As mesmas mãos
produzem rimas cerebrais ornadas
de sensibilidade ondulatória

Num doce tecer a torta
de goiabada
adoça poemas de notas
graves e agudas
dando sentido
ao teclado da vida

Carrega consigo melodias
extratos de vida dedilhados
em acordes poéticos

Doredá sentido ao sustenido
dobra refrão
fica com o mi para si
leva o fá para bailar
coloca a coroa
no rei sol e adormece
si quiser.

Nety Maria Heleres Carrion

Noites de cristal dois - 260907

Tom brejeiro adocicado no mel dos insossos
tempera o gosto cristal da têmpera
que desponta na ampulheta

Brinca e cobre de poesia
hiberna na treva da inspiração
reacende o farol
da alegoria

Sabor poético
no véu da criação.


Na trama
colho rasa rama
que rebenta nos botões da mente

Sussurra dedilha flamas
pichadas de pigmentos machucados

Estende braços abraça
dá graças quando ele passa
na praça dos desejos ordeiros

Poemas da era noturna
no aconchego gustativo ressoa
lépido nas dobras do pensamento

Versos sapateiam nos sonhos
colcheteiam clarins e trançam rimas.

Nety Maria Heleres Carrion

É - 021108

Mistérios
da madrugada
na vanguarda dos anos
atiça farol da ilusão



É sorte
é corte
é esperança dos dias
no apuro das horas



É respaldo
do caldo semeado ao vento
tempestuoso do tempo



É a última gota
suada
molhada nas lágrimas
do pensamento



É a última gota
diluída no tempero crisálido
do coração.

Nety Maria Heleres Carrion

Cordas elásticas - 021108

O balofo rosnar de emoções
despe a luxúria das horas e semeia
os grãos da saudade
no humo corado do tempo

Rejeita cisco disforme
no deleite mapeado no sono rubro
da pernoitada aurora que cavalga
no pelo acre do mundo

O sal do mal pernoita na viela
da solidão e jaz nas ondas sonoras
da imaginação
plagiada no teto lírico
da inspiração

Visto meu tempo de recordação e descasco
arestas puídas com o gume colorido
do sentimento

Sento os olhos no balanço sonoro
do sono e dedilho a harpa gasosa
com as cordas elásticas
da imaginação.

Nety Maria Heleres Carrion

Quimeras - 021108

Mergulho na fresta
do pensamento e me aproprio
dos sonhos e fantasias
conjugados ao sabor do tempo
num revezar de pálpebras

Rasgo quimeras nas eras de êxtase
contidas no coração
da saudade.

Nety Maria Heleres Carrion

Coração tatuado - 021108

Um soluço cortou o pranto e no quebranto
do tempo estira pensamento

Borbulha no poço da recordação onde emerge
coração tatuado de sonhos
coloridos pela emoção cristalizada
na arca das idéias

Regurgitam ancestrais enxertos
guturais

Nety Maria Heleres Carrion

Sim e não - 021108

Vocês não sabem
o que estão perdendo

Quando o sim e também o não
permeiam juntos
pode ser muito
o pouco e pouco
o muito


No andar do coche que conduz
afirmativas e negações
adiciono
subtraio e divido
mas também multiplico
os dons inseridos
no sim e no não.

Nety Maria Heleres Carrion

Fantasias - 021108

Quase no final ralo
sonhos e cotovelos

Sopro o vento pra dentro
do corpo

Dou corda ao tempo
pra soar direito


Céu de novembro esteira do mar
sem eira nem beira

Desfio sonho cantarolo
a última canção

Sacudo o compasso
dos dias

Belisco o caminho e acordo
sem eira nem beira
sem flor pra cheirar
na beira do mar


No canto da aurora dor
semeia o pacto da vida

Espaço sinistro corcoveia
dispara no registro dos dias

Mescla sabedoria encantos
ave-marias
sacia fantasias

Dilui o canto da seara
encanta rouxinol
procura sol e o pó das estrelas
que reluz imerso
no esgoto do tempo

Na têmpera do pensamento encosta
ouvido no baú do tempo

Roça a lupa no vento e coça
a pele do porvir

O espanto da madrugada assola
as ruas da solidão


Pensando
em ti e na minha vida
mergulho na fresta
do pensamento

Me aproprio
dos sonhos e fantasias
conjugados ao sabor do vento
num revezar de pálpebras

Rasgo quimeras
nas eras de êxtase contidas
no coração da saudade


Um soluço cortou o pranto e no quebranto
do tempo estira pensamento

Mergulho no poço da recordação onde emerge
coração tatuado de sonhos coloridos
pela emoção cristalizada
na arca das idéias

Regurgitam ancestrais enxertos
guturais


Vocês não sabem o que estão perdendo
quando o sim e também o não
permeiam juntos pode ser
muito o pouco e pouco
o muito

No andar do coche que conduz afirmativas
e negações adiciono subtraio
divido mas também
multiplico os dons
inseridos no sim
e no não


Mistérios da madrugada
na vanguarda dos anos atiça farol
da ilusão

É sorte é corte
é esperança dos dias
no apuro das horas

É respaldo
do caldo semeado ao vento
tempestuoso do tempo

É a última gota
suada
molhada
nas lágrimas do pensamento

É a última gota diluída
no tempero crisálido
do coração


O balofo rosnar das emoções despe
a luxúria das horas e semeia
os grãos da saudade no humo
corado do tempo

Rejeita cisco disforme no deleite
mapeado do sono rubro
da pernoitada aurora
que cavalga no pelo
cru do mundo

O sal do mal pernoita na viela
da solidão e jaz nas ondas
sonoras da imaginação
plagiada no teto lírico
da inspiração

Visto meu tempo de recordação e descasco
arestas puídas com o gume colorido
do sentimento

Sento os olhos no balanço sonoro
do sono e dedilho harpa gasosa
com as cordas elásticas
da imaginação


A febre da orgia destila aroma
tépido por entre naftalinas
estéreis

Desafoga credos arremedos
sem medos e contempla
o milagre da vida

A febre da orgia galopa no lombo
das horas e laça ampulheta
com as cordas do arco-íris

Sachês coloridos na passarela
orlada de sonhos.


Nety Maria Heleres Carrion

Visão - 161108

Emparedo as caretas da noite
no tear colorido da mente

Exploro o retrato do dia
com visão adormecida
no tempo.

Nety Maria Heleres Carrion

Nada - 161108

Quero sol quero lua
quero a crua presença
do meu eu



Quero subir quero descer
sem enrubescer



Quero isso quero aquilo
quero tudo
quero nada.



Nety Maria Heleres Carrion

Carruagem encantada - 031208

Da carruagem
encantada
salta o Papai Noel
Feliz da vida
na Feliz Noite
Carregado de mimos
onde germinam

Sementes
da solidariedade
do amor
da paz.

Feliz Natal

Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O tempo passa - 021108

Como passa o tempo


Parece que foi ontem que conheci
aquela menina levada
que atravessava
a rua e brincava
na calçada


Parece que foi ontem
adolescente de uniforme
azul e branco
indo para a escola
vaidosa e arrumada


Agora madura continua
formosa e muito amada
pelo esposo
pelos filhos
pelas manas e mãe
pelos cunhados
por toda a netalhada


Que cunhada!


Dilson Zanenga Ruiz

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Concerto campestre - 111108

À frente da estância a charrete apeia
empoeirado baú
de partituras
Na mala penico de estanho
amarrado à alça
Bandolim veneziano
laço de fita vermelho
atado ao cabo
Voz abaritonada
espíritos incendiados
uivos
de alma penada
E do caos fez-se
a música

Concerto campestre.

Nety Maria Heleres Carrion.

Fogo de chão - 111108

Fogo de chão
cuia de chimarrão arrastando-se
entre peonadas e piás

Graxa dos espetos
respingando na brasa

Prenda minha
rainha do pampa


Dona da querência


Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ombro da noite - 050808

Dos meus lábios brota a censura do labor

que desperta na criatura
o incenso que renova a perícia esbelta
do troféu reconciliador da paz




No letreiro da bondade

rasga o cetro de luz
travestido de lobo em pele de cordeiro




Na fachada do tédio

gira nas esquinas dos versos
enlaçado nas vozes da emoção



Símbolo esmaltado nas garoas

do sono
retalhos do vento




Noite na cachoeira estrábica da hora

descalça a roda da vida
embolsa tédio no asfalto sinuoso
da esperança



Luto corado da orgia despenca

no sopro da aurora.



O caldo da hora resvala

no ombro da noite e acavala
a garupa do tempo.




Nety Maria Heleres Carrion

Aquarela - 140308

Nos canais da poesia
filtro a poeira do pensamento

Dou trégua à tristeza
ponho alimento na mesa
carregado de beleza


Entorno o caldo da alegria
detono o estopim da poesia
na aquarela do pensamento

Deleto a descrença e reavivo
centelha da esperança
que hiberna nas geladas
páginas do mundo.


Nety Maria Heleres Carrion

Mímica - 270408

A careta do dia

entorna taça de fel
no chão doce
da imaginação


Chão escorregadio

do sentimento
consciência
com trejeitos


A careta do dia

dissolve as horas
na mímica
do tempo


Arena de encontros

festival de cores
acenos lúdicos.



 Nety Maria Heleres Carrion

Antídoto - 031007

Meu último poema brilhará
no ares e nas crespas ondas
dos mares soará feito hino

Conterá maduros elos nas liteiras
das idéias e os castelos estarão desprovidos
de caos e desenganos

Meu último poema terá devotos
que sanearão o mundo
com a poesia
que sustenta e dá arrimo

Meu último poema permanecerá
como antídoto e viverá
nos sábios corações
antes e depois de dobrarem
a esquina da sorte
sem cortes
ou entorses

A esquina do éden
onde brota o germe do amor
aquecerá e iluminará
passos lentos sedentos
de fé e de paz

Meu último poema borbulhará
nas brancas nuvens e ascenderá
com mandamentos
de carinho e cuidados à Terra
para que as gerações
permaneçam num mar
de maravilhas
até dobrarem
a esquina.

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ladeira - 031108

Subir a ladeira numa idade fascinante
da vida e ver o lado bonito
do mundo e de todos


Subir a ladeira sem cobranças
com seus ônus e bônus

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Caricaturas - 290108

Segredos
brinquedos
fantoches brioches
festas coradas

Imagens
mensagens
serestas modestas
domadas

Tempos dourados
massageados
driblados
nas notas
do passado

Notas da história
reveladas nas faces

Num clique centradas
paradas
borbulham mensagens
depenam aragens
sopram matizes
confetes

Confeitos dormidos
enlatados

Baús coloridos
retratos sarados
biombos engessados

Caricaturas.

Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 19 de outubro de 2008

Ópios de ilusões - 240908

Esbelto é o caminho das horas
que passa tilintando pensamentos

Burila o topo das idéias e chega
ao concerto majestoso do cosmos
embebido pelas mentes
que emanam ópios de ilusões.
Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Até a pé - 151008

Até a pé nós iremos saudar
o Gal e a Béu

Mas o certo é que nós
estaremos

Com os cinco
onde eles
estiverem.


Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pé na estrada - 250703

De Porto Alegre a Cambará do Sul
somente natureza e céu azul

Solitária estrada que vai se mostrando
nessa caminhada 
que estamos traçando

Sobe a Serra baixa a temperatura
na beira dos penhascos continuamos
nossa a/ventura

A neblina não se cansa de brincar
com nossa visão

Nos engana com sua mudança
assim como um paredão
Ao sul nosso passado
leste oeste só natureza

Ao norte essa beleza 
vai-nos sendo acrescentada

Do tapete amarelo vamos nos afastando
na cidade pois
estamos chegando
Após breve descanso
estrada esburacada
Amanhã é novo dia
e forças não irão faltar

Café da manhã simples mas saboroso
quem disse que no interior
não pode ser gostoso

Com muita cautela
atravessamos a estrada
apenas uma ponte
nos meteu em enrascada

Com destino a Porto Alegre
regressamos dessa jornada
Mas não pára por aí
ainda teremos mais...

Pé na estrada!

Nicole Carrion Cogo

História do Livro

Em 96 aflorou-me o desejo
de reunir dados da família
e assim rápida num lampejo
recorri à sua essência


Foram várias visitas
feitas aos atuais clãs

Esmiuçando suas vidas
para encontrar seus talismãs

Pedi quase implorei
que me falassem dos ascendentes

Esbarrei escorreguei
mas levantei e enxerguei
belo horizonte

Um relicário na Cúria
milagrosamente encontrei
maravilhas sobre os ascendentes
e com isso me deslumbrei

Depois dessa graça alcançada
o jeito era correr contra o tempo
pois a sorte estava lançada

Nesta rápida caminhada
houve colaborações
às vezes um tanto acanhadas
mas geraram grandes emoções

Nety Maria Heleres Carrion


Segredos - 140708

Lanço mundos no mundo

tropeço nos astros
não me asilo


Cultivo versos e lanço

pétalas do pensamento


Lanço segredos

magias
da poesia


Imito gestos

absorvo andares
enfeitiço a natureza



Nety Maria Heleres Carrion

Vazio de ser - 151008

Para a performance abandono
meu próprio eu diante da opressão
do mundo
mudo

Aniquilo minha história e aponto
para o vazio de ser
consciência



No espaço aberto escolho
temor e tremor


Não nego nem afirmo
repouso maciço e rijo.
Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tu - 281206

Tão alta e calada
vai a noite e do pensamento
não sais

Tu
que abres os braços
mãos/colo
na calada da noite
Tu
que carregas nos ombros
o mundo e que alegras
com teu saber profundo
Tu
que penetras nos corações
Tu que és princípio e fim
és o A e o Z
És de lá e de cá.
Nety Maria Heleres Carrion

Ciranda de emoções - 310808

Na ciranda de emoções atravesso
a galeria da família Heleres Carrion
e me vejo frente a frente
com recordações
A bruma refresca minhas idéias
que desfilam na passarela
do tempo

Nos grãos da ampulheta neurônios
despencam numa careta ou carranca
com histórias de família


Emoções do dia-a-dia
através da mímica
exuberante
ou tímida

Nety Maria Heleres Carrion

Bola de cristal - 150808

Nas paredes do pensamento
escrevo histórias badalo sinos
incinero enredo e arremesso
a bola de cristal refletida
nos sonhos.

Na base do pensamento
invoco energia

No sopro do vento esfrego a magia
das badaladas do tempo

Construo esperanças
nos topos de luz

Tempero inspiração
com o mel da canção.

No aclive da vida declina o perdão
vestido de sonhos

Remendos febris

Retorcidas imagens dos castelos
de monges

                                 Nety Maria Heleres Carrion


Salmos doces - 010908

Doso palavras tristezas e alegrias
canto e ranger dos dentes


Meu tempo acabou minha era
regurgitou pensamentos
palavras e obras


1001 versos despencam e formam
palavras que desembocam
nas obras caiadas
do pensamento


Nas colinas da primavera
a noite desafivela asas
da sabedoria


Ilusões semeadas no vão
do pensamento


No metal da esperança esteira
flutua no êxtase da fantasia.

Nety Maria Heleres Carrion

Carrossel - 231206

Gira-mundo utópico carrocel
das ilusões suspenso nas emoções
glicosadas


Nesse som musical entregam-se
sonhos e delírios imortais


Gotas sensuais no aclive da vida
ritmada e casual


Na poética sensíveis mentes
de patamares elevados evolam
sons melodiosos encrespados
de rimas


Vespertina melodia poética
trouxe a noite

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Maná - 181206

Do céu despenca chuva que dá vida
ao maná e refresca alma inundada
de apelos esperançosos


Chuva que é arrimo consolador e arranca
evolutivas melodias

Chuva que ensaboa no estio
com mananciais espumantes
de ternura


Chuva andarilha maltrapilha
que picoteia ante o riso


Flor láctea piscosa de almíscares
perfumada represada nas ebúrneas
madrugadas


Flor candora vívida
buliçosa
liriosa


Lenitivo
da mente e do corpo


Flor candente esperança de porvir
desmaiada ao vento pelo alvorecer
do tempo.

Nety Maria Heleres Carrion

Sementes de poesia - 020906

Suspensa vagueia a imaginação
entre matéria espírito
e nas próprias utopias
esconde sementes de poesia

No silêncio o ato de escrever
traz à tona o desconhecido
o inesperado e os horizontes

tornam-se amplos e incontroláveis


Pintando-me
transformo minha escrita
em estilo de vida

Nas caçambas do tempo rutilam memórias
na linha crepuscular




Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 12 de outubro de 2008

Amarras da paz - 141207

Amarras da paz
presas às garupas dos desejos
imolam vestes na página tempestuosa
que agride semáforos
do oculto canto
Celeiro secreto
no aconchego da alcova rebelde e suada
nos mares gelados

Desnudo o amanhã e dedilho
acordes vazios

Espanto o tédio
no coração amarrotado

O espelho reflete ideias
na sequela do tempo

Denigre o tom
na magreza das ruas

Mazelas
que abortam aquarelas

Rodopios dos desafetos
gerados no castiçal do espanto

O sino badala
as carícias do tempo

Sais das horas refrescantes
que consomem auras
nas bordas do afogado refrão
Nety Maria Heleres Carrion

Cordéis do pensamento - 071106

Gosto do gosto de mexer
com os cordéis do pensamento
que inebriam
minha alma

Posso do poço sugar sais
que originam a poesia

Peso o peso do poema e sinto
a leveza do que escrevo

Leio e bamboleio poemas
até cairem no sossego

Saco e ensaco na memória temas
que despertam dos adormecidos dons

Endeuso deuses e orno
os mistérios do pensamento

Envolvo sarapatel com fios de ouro
da rosa branca que desperta atapetando
caminhos bailados pelo leve roçar
de plumas esvoaçantes

Auréolas encantadas sublimam
andares cautelosos à espreita
de vazias peregrinações
dos sonhos.

Apelando aos súditos da liberdade
respinga a poesia sob o véu que turva
a noite e insiste em unir
palavras pingadas

Que desabrocham e amadurecem
na suprema poesia





O desejo orvalhado na penumbra
do sono explode em cântaros perfumados
forma a poesia e parte sem rumo
pelo mundo da fantasia.

Perambulando nas sensações turbulentas
das pendulares horas tardias sinto-me junto
aos escassos trinares que ressoam
viris sob a púrpura de um visor
clandestino que invade
e glorifica tempos
virtuais cobertos
de sonhos

Esquecidos no limiar compassado
das horas gastas na vida

Guloseimas do amor vitrificadas
na senda abismal cercam
de dúbios sentimentos


Irrigam e desaguam na essência voraz
visão turbulenta do caos meditativo
que assola mundos estáticos

Nety Maria Heleres Carrion