quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ventre da noite - 20042010

O voo reluzente da nave submersa
ecoa no presente e dá sentido às preces

Asas abertas acolhem
o rumor da oblação

Restolho parasita dos tempos
inseridos nos molhes bentos
nas horas canônicas

Sais do ébrio cantor espalham
aroma de poesia na ardente terra

Bolhas quebradas na escuridão
das horas despencam na oratória
dos tempos

O mundo reboca segredos
no ventre da noite e ancora no cais
da saudade

Magias tecidas com o fio do destino
vestem a poética das horas

Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 17 de abril de 2010

Cânone - 17042010

Subo os degraus do infinito
cada vez que o coração
despe meu sono

Em triunfo galgo escalas
que conduzem à salas miraculosas
com réplicas de rimas e poesias

Pelas cordas da imaginação
hiberno nas rimas
dos versos

Nos quadros da fantasia
pinto poesia focada
na emoção e me cerco
de sons e de cores

Debruo melodias no acervo
onde jaz
melancolia e alegria

Conduzo os trinares da poesia
pelos patamares da noite

Na fonte dos desejos
acomodo meus medos meus segredos
para que atravessem
os séculos e desvaneçam
na passarela dos sonhos

Rego fantasias ressecadas
pela dureza do tempo e hidrato
a vanguarda dos anos

No silêncio das rezas
o cânone rejubila-se e toca
a harpa da vida.

Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Serenata grisalha - 130410

A serenata grisalha cai
na alma e traduz sonhos

Redemoinha
os lábaros reversos
revividos nos encontros enxaguados
pelo pranto

Cubro meu corpo com as vestes
do amanhecer e retorno às poéticas
 lides para dar cor às emoções
que embalam o universo
da mente

Visto o véu da inspiração e me atolo
no mar piscoso da serenata
retida nos tempos
prestes a evoluir
do pensamento

Não sei o que faço
nessa era de espetáculos sombrios
onde me vejo assobiando
serenata grisalha
por entre as falhas
do tempo

Zelo pelo sossego do belo esconderijo
onde me prostro nos cantos e revolvo
os guardados espontâneos da pena
que escorre luz e incendeia
os universos nos recintos
espelhados das veredas
do pensamento

Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ósculos de judas - 08042010

Encharco meus olhos
com a poesia embutida
nos comentários

Medito no ápice da melodia
que desprende rituais poéticos
crivados de cores e sons
do mundo

A glória da natureza
está em dar e receber
carinhos de seus filhos

A palavra reside no olhar
aberto ou fechado
para o objeto e seduz
viajante peregrino
da ordem primata

As dádivas da natureza
caem nos braços
do homem e corcoveiam
quando atacadas
pelo espírito destruidor

A fúria selvagem
da natureza
dá seu recado de amor
aos filhos e lança
ósculos de judas
aos que a destroem
sem piedade

Folga o céu
bordado de estrelas

A terra de aromas e a lua
ósculos na areia.


Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Versos de G/VL/Th/MG/Z/B/Nety/MH/L/D - 121107

Se palavra morta é vida
escrevo o fim no começo

Encontro no final do arco-íris
não um pote de ouro
mas sim
um baú de palavras

Palavras começam na cor
onde me escoro e me alastro

E fico nelas envolvida
presas nas cores de seus braços

Palavras líquidas
vozes escritas
verbo semeado

Cores e sons fortes firmes
sonoros e fugazes

Se no começo escrevo o fim
o que sobrará para mim

Só o final

O recomeçar pelo descomeço

Por um novo abraço do sol.

G/VL/Th/MG/Z/B/Nety/MH/L/D

sábado, 3 de abril de 2010

Coqueluche das horas - 03042010

Do nascente ao poente enfileiro rimas
para rimar com pontos extraviados
nas matas virgens das idéias



No encalço das rimas os percalços
barram meus passos



Rolam tempos de sonhos robustos
na gruta do pensamento



Encaro tudo que vier com a polidez
que me rodeia e semeio frutos
que adoçam freguês guloso


Venha de onde vier o verso
será alvo de aplauso

Átomos silábicos se chocam
entre rimas e despencam
no verso

Brincadeira silábica na coqueluche
das horas incorpora e festeja entrada
nos versos com os fogos
da emoção


Não revelo o neurônio que habita
o meu erário



Estão secretos e só serão descobertos
quando sílaba e rima escaparem
do meu esconderijo



Neurônios e versos tem ligação
íntima e despertam no universo
a paz que foge ao controle



Ligam emoções e mergulham
nas canções poéticas


O sono me passou
a perna e me deixou
palerma

Paguei mico
nesta noite rica em que o mundo
fica a girar
de pernas pro ar e balança as idéias
congestionadas
no retrovisor da mente

Mundo insone e louco
mundo magnífico

É o grito da noite
que destelha mente e não vê saída

É o regalo
do cantar do galo
que anuncia sono extraviado
nas cortinas da noite

É o cantar do galo
que libera poesias virgens
aos filhos do mundo




Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Versos de G/Z/MH e Nety - 301107

A beca de cão
cai de cara no chão

Lambuza no cio sem medo
e o arremedo da ilusão de ser amado
doma a dona

Danada dama
cai em cima do patrão


Catei no lote o calote do caloteiro
calei

Plantei violetas vasculhei
o calo e rezei

Praguejei e gritei furibunda e louca
ao ranger os fios da teia negra
da cor da pele

Chorei e aguardei o pranto
secar e o calote passar


Tomo água
meio tonta fico zonza
enlouqueço me aqueço me gelo

Nesta viagem sou mera fera
na esfera de luz deste momento louco
doido doído que jorra em cascata e me seduz


O arco feito pela mão firme
escorrega faz pirueta

Salta ginga despedaça e no acaso
do vento do tempo

Quebra o compasso atropela
a harmonia

Invade a sensatez se desprende
do fórceps e saúda vocês


E como olhar e não ver
escutar e não ouvir
falar e não sentir

Palavras sons ecos
viver e não sonhar

Cantar e poetar cair e levantar
nesta maré que revela a espera
de ser de amar


E como falar desta tal
que tem sinal do colar

Ouve estrelas arremessa gargalos
encharcados de poesia

Tem segredos guardados no baú
sem desvendar o verbo maluco
caduco

De falar doideiras e delírios
de paixão


Histórias memórias ventando
harmonia

Encontram verdades de mim
de outrora

No torvelinho do tempo
desgalha saudades

Despedaça horas se dissolve
no tempo

Dispersa garoa manda mensagens
mapa mundi de todas as galáxias
de poetas anônimos


Que importa
se a porta escancara e bate na cara
cruel e fria

No desamor da partida
rejeita idéias
de balaios mofados
encharcados

De segredos malversados 
malamados
ensacados de ilusões

Que importa 
se a cara metade não fala
a verdade.

G/Z/MH e Nety Maria Heleres Carrion