sábado, 1 de agosto de 2009

Gula do tempo - 070309


Desligo a sirene
do tempo e rasgo fantasia
no rosto da ilusão


A gula do tempo se afoga
na histeria do vento


Mascara o espelho dos dias


Sentimento favorável
no espelho da vida.


Nety Maria Heleres Carrion

Música das horas - 200109

Ciladas da glória
inventam histórias
de príncipe encantado

A música das horas
magnetizada
em tempos virtuais embala
caminhos atapetados
pelas pétalas
dos sonhos

Histórias
supridas de encantamento

Doses maciças
de felicidade

Tempero das emoções
que liberam ósculos
nas paredes caiadas
do dia.


Nety Maria Heleres Carrion

Colírio dos tempos - 200109

Entrave na esfera da saudade
busca o combate secretado nos poros
da alma e conduz na palma do sentimento

Colírio dos tempos
orquestrado pelos sons e pelas cores
da memória enlaçada na berlinda do cosmos

Miçangas esvoaçantes de paz e amor

Doce encontro
com a esfera rubra do sentimento
embalado nos molhes do pensamento
transita no dorso da alma em festa.

Nety Maria Heleres Carrion

Confissões - 200109

No calendário da vida confissões
medos espertos degredos
expostos ao tempo

Venenos soletrados à margem do corpo

sedentos de rimas coloridas

Anseio palpável extraído na hora atropela

o mito do sonho gerado nas cordas
rebeldes do pensamento

Espelho curioso olhar incendiado

na luz do amanhã

Pretexto erguido no pódio

da diluída esperança.


Nety Maria Heleres Carrion

Gueixa mentora de tramas

Gueixa mentora
de tramas

Quimono na roça
esperta
metamorfoseia fruto
meloso

No tripé do best-seller
espia
mundo secreto e no banquete
cria oásis de beleza
para cenário
enfadonho

Arte da natureza.

Nety Maria Heleres Carrion

Anomalia - 140109

Mergulho na arena trançada de cores
sons amores


Mergulho nas frestas caiadas nas dores
borrifo as candeias
sombras e luzes

Recorto as idéias nas flamas e espalho sementes
na roça esperta do dia


Recolho fruto exausto maneado na era burocrática
que sacode o pensamento
na escada do tempo

Anomalia caiada nas sombras.


Nety Maria Heleres Carrion

Por trás dos montes - 140109

Por trás dos montes
existe uma ponte
onde brilha avessa
às torturas

Por trás dos montes
desponta história mal sucedida
encardida no tempo
espesso da vida

História engendrada
no luto caipira
desfia lágrimas num mundo
aos pedaços e pede
pedágio

Gesta sementes
nas prateleiras da memória

Peças que hibernam
na alcova
do pensamento

Enxertos de saudades
maculada no espaço florido
da idéia.

Nety Maria Heleres Carrion

Palavra - 170509

Exploro as cores do dia e recomponho
os passos da paixão

No palco enrubescido solto a palavra
que rebenta iluminada pelas luzes
do coração.

Nety Maria Heleres Carrion

Grandeza - 170509

Eu tenho tanto que lhe falar
mas as palavras
tropeçam nos astros e sucumbem
diante da tua grandeza

Empalideço e penso
no sufoco desse mundo
oco.

Nety Maria Heleres Carrion

Magia - 160609

Voos dissecam as sombras
do céu e espalham
sombras e luares


Magia dos cantares
erigidos no arraial
da boa vontade.

Nety Maria Heleres Carrion

Arraial da boa vontade - 160609

O arraial da boa vontade encara
restos de fantasias esmagados
na correria do dia

O arraial se arrasta na praça e consome
a graça dos costumes paridos na era
de espetáculos gigantes
sob o céu leitoso

Sufoca o andar mastigado da trupe e desenha
cascatas de girassóis nos refugos da noite.

Nety Maria Heleres Carrion

Mesmice - 200609

Norteio meus passos e canto
até cair no cansaço

Viro a página das lamúrias que arde
nos cantos e jogo nas alegorias
do esquecimento

Prego o prego da paz e amontoo
bênçãos promissoras

Brinco com o norte da sorte e da morte
esqueço os ferros em brasa

Dentro da asa do porvir navego me embalo e me enterro
nas euforias da casa à espera de um céu que arrasa

E no acorde da fantasia me acordo
na mesmice do dia.

Nety Maria Heleres Carrion

Alegorias - 200609

Subo nos ares da existência
pelos degraus maculados do tempo

Sacudo o pó da tristeza e pinto
alegorias dos andares

Nas asas da sabedoria
pego carona e voo
no carro florido da felicidade.

Nety Maria Heleres Carrion

Revelações piramidais - 180609

Amarro-me
dentro de mim e percorro os tomos
dilatados do coração

Existência febril
nas frestas da alma goteja diluída
num sopro de luz

Penetro na agonia
dos ventos da sorte

Encaro a noite da vida
na corrida pelo espaço
clandestino

Desato os nós
da existência e desfio as cordas
do pensamento

Me atiro nas águas
gulosas da saudade e me entrego
às revelações piramidais.

Nety Maria Heleres Carrion

Encontros - 050509

Encho meus olhos
com o espectro
da luz e colho
as cores do amanhã

A noite cai e a imaginação viaja
atrelada à memória
em busca do verbo que habita as cavernas
do pensamento e rasga a loucura
mergulhada no tempo

Despenca a saudade
espiralada no pensamento e estuda tudo
num mundo absurdo

Fala
com as lembranças e os sonhos

Na febre
suga encontros.


Nety Maria Heleres Carrion

Extrato da noite - 050509

O extrato da noite
tocou o solo
espargiu mensagens e seguiu na aragem

O extrato da noite
buscou asilo
nas horas mortas
postas nas covas
do pensamento

Buliu
na esfera do tempo

Rasgou quimeras
dispersas nas eras
do entendimento
sedento de auras geradas
no aconchego da alcova
ebriada de sonhos.

Nety Maria Heleres Carrion

Enxame de letras - 050509

Luz do querer
sopra o manto sereno
do alvorecer e pranteia
o amanhã voalizado

É hora de bater asas
voar no tempo e acolher as dicas
do vento
pra desatar as nódoas
do pensamento

É hora de rasgar e dar lugar
ao enxame de letras
exalado pelo verbo.


Nety Maria Heleres Carrion

Verbo aos pedaços - 250309

O verbo habitou entre nós e na pele
da alma fez morada

Verbo aos pedaços pelo espaço
à procura de braços se debruça
no compasso do tempo

O verbo se fez rubro e pintou auroras
na tela da imaginação

Sorveu o breu da existência e irrigou
o campo das idéias.

Nety Maria Heleres Carrion

Que rei sou eu - 010409

Que rei sou eu
sem palácio sem coroa
vivendo à toa
vida má nem boa
à espera do novo
a bicar a casca do ovo
para entrar
em cena e devorar
estátuas empertigadas

A jorrar personagens
com idéias e ideais


A imolar o mundo da fantasia
no fundo de um palco fosforescente
onde se transfigura a criatura
Que rei sou eu
que toda a noite se veste
com as cores da ilusão e desfila
na passarela do sonho



Que rei sou eu
que pernoita na plataforma
afrodisíaca do pensamento
onde colhe mensagens
que liberam ósculos da liberdade
retidos nas malhas do universo
pelo portal soberano dos deuses

Que rei sou eu
lacaio dos próprios desejos
estocados no balaio do pensamento

Que rei sou eu
na magreza dos dias
coleira de ouro rasgada
puída pela nobreza

Vegetando no silêncio
na solidão do asfalto
cadafalso da noite estrábica
no mar da desilusão

Que rei sou eu
astro que vira capacho
da arte dramática
espelho da desordem
num mundo vesgo


Estrela fosforescente que anda
na lua e retorna aos farrapos
até cair no cansaço do mundo oco

Massacre
de ídolos dourados.
Nety Maria Heleres Carrion

E-mail em 09/01/2009, de DKK: "QUE REI SOU EU". É isso, é isso! Muito bom... obrs assim é que me dão a esperança de que o "VOO" não seja somente um "salto", mas sim um ÍCARO DESTEMIDO, afinal, independência se conquista com qualidade...