domingo, 31 de janeiro de 2010

Vida - 30012010

Sorrio quando a alma
está em festa ou quando a cena
não vale a pena




Sorrio no topo ou no poço
do universo
onde me jogo e sou içada
para a vida


Manobro o leme
de acordo com a torcida
valente ou temente
aos ensaios da vida


Nety Maria Heleres Carrion

Sorrio - 30102010

Sorrio
mesmo quando a vida
me deixa a ver navios

Sorrio
mesmo quando tudo
fica por um fio


Nety Maria Heleres Carrion

Ensaios - 30012010

Viro a página sem promessas
de encontrar a esperança
com suas páginas mais brancas e ricas
A esperança
que ressuscita histórias
de ensaios musicais


Nety Maria Heleres Carrion

Penas - 29012010

Subo as paredes
do quarto
que espelham retrato
calcado nos anos




Congestiono
o trânsito da vida




Orbito em torno do retrato
à procura de um fato
pitoresco
que transpasse o foco da sombra
desvirtuada do seu dono




Desço
das paredes e visto
meus desejos
com as penas que são tuas


Nety Maria Heleres Carrion

Venenos - 29012010

A noite vestiu
a purpurina das estrelas
para mascarar
as nubladas investidas
do sofrimento


A noite bebeu águas
de cactos e soltou venenos
pelas ventas


Nety Maria Heleres Carrion

Ao pé da letra - 29012010

Ao pé da letra repenso se usei linhas
simples ou de mão dupla

Se chorei ou se sofri o certo é que a noite
mal resolvida tocou a vida
com dolos e fantasias

Dobrou esquinas na ânsia de encontrar
vacina que imuniza ferida
adormecida

A noite vestiu a purpurina
das estrelas
para mascarar as investidas nubladas
do pensamento

A noite bebeu águas
 de cactos e soltou espinhos
pelas ventas

Subo as paredes do quarto
que espelham teu retrato
calcado nos anos

Congestiono o trânsito
da vida

Orbito em torno do retrato à procura
de um fato pitoresco que transpasse
o foco da sombra desvirtuada
do seu dono

Desço das paredes e visto meus desejos
com as penas que são tuas

Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Caminhos - 28012010

Percorro o caminho
mais curto
desvio medos
ilusões
cargas de emoções e desço
aos labirintos onde encontro
figuras de estilo
para ornar
as piscosas poesias


Nety Maria Heleres Carrion

Meu eu - 28012010

Exponho o meu eu ao mundo
sem preconceitos


O meu eu tem horizontes
centrados no lirismo
da poesia


Abriga o eu do mundo
num compromisso
poético
Capta melodias
contrastes e mescla
a sabedoria do mundo


O meu eu
que é o eu do mundo


Eu e o Mundo


Nety Maria Heleres Carrion

Ofertório - 28012010

No teatro da vida
carrego platéias
com palmas e risos


Ofertório que diviniza
ator


Nety Maria Heleres Carrion

Frutos - 28012010

No campo florido
da mente
a semente do verbo
produz frutos melódicos
Terra
Sol

Lua
eternizados
no aconchego das rimas

Nety Maria Heleres Carrion

Sublimação - 28012010

Perscruto olhar
ganancioso
na alma que existe
entre o céu e a terra


Boleio sons e cores


Abraço a poesia e me atiro
sem pestanejar
aos seus puros desejos
de sublimação


Besunto o meu saber
com óleo poético


Nety Maria Heleres Carrion

Gênios - 28012010

Encharco os sentidos
com os comentários
poéticos e na cartola
da poesia
encontro sabedoria
para saudar
os gênios
que me saúdam


Nety Maria Heleres Carrion

Néctar da poesia - 28012010

A palavra reside no olhar
fechado ou aberto
que se inclina para o objeto e seduz
viajante peregrino
passageiro
da ordem primata

Corpo e alma descem
pelos caminhos celestes
da vida

As dádivas da natureza caem nos braços
do homem e corcoveiam quando atacadas
pelo seu espírito destruidor

A fúria selvagem da natureza dá seu recado
de amor aos filhos e lança ósculos de judas
aos que a destroem sem piedade

A glória da natureza
está em dar e receber
carinhos
de seus filhos

Encharco meus olhos com a poesia
embutida nos comentários

Desço do palco da poesia onde encontro
sabedoria para saudar os gênios
que me saúdam


Sorvo o néctar
da poesia
gerada ao relento e alimento
com a música das rimas
solta na doçura peregrina
dos tempos

Medito no ápice
da melodia que desprende
rituais poéticos
crivados das cores e sons
do mundo

Perscruto olhar ganancioso na alma
que existe entre o ceu e a terra

Boleio os caminhos que conduzem ao festival
emanado pelos veios poéticos

Na alta madrugada 
besunto o meu saber com óleos poéticos
 para extrair ritmos musicais
dos pensamentos

Na calada da noite abro o jogo e me jogo
de cabeça nas entranhas da inspiração
para colher frutos poéticos

Absorvo sobras
nas fontes poéticas e lapido
fantasias e quimeras
que colidem nos andares místicos
das horas e borda
o lado majestoso
da poesia

Abraço a poesia e me atiro sem pestanejar
aos seus puros desejos
de sublimação

Refugo idéias
sem conteúdo

Enxerto as horas de todos os tempos
com ideais balizados nas águas
cristalinas da inspiração

Que transborda vida e noite
emoções e carícias

Folga o céu
bordado de estrelas

A terra de aromas e a lua
ósculos na areia

No campo florido da mente a semente
produz frutos melodiosos

Terra sol lua eternizados
no aconchego das rimas

No teatro da vida
percorro platéias com palmas
risos e deleto a gordura malsã
do ir e vir poético

Ofertório que diviniza
o ator

Exponho o meu eu ao mundo
sem preconceitos

O meu eu tem horizontes centrados
na poesia e no seu lirismo

O meu eu abriga o eu do mundo
num compromisso poético

O meu eu capta as melodias e os contrastes
do mundo

O meu eu que é o eu do mundo e mescla
a sabedoria do mundo em ascenção

Eu e o mundo

Percorro o caminho
mais curto
para chegar à poesia

Desvio medos e ilusões
cargas de emoções e desço
nos labirintos onde encontro
figuras de estilo para ornar
as piscosas poesias.


Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cores da esperança - 26012010

Rodo o mundo com a pena
que saboreia tudo
que rodeia o pensamento


Nos caminhos da sorte
encontro laços
que prendem o mundo
da emoção


Percorro trajetos na orla do espaço
rumo às cores da esperança
que explodem nos cântaros
dos ares


Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Trela aos ais - 24012010

Dou trela aos meus ais
 na ânsia de encontrar toda a paz
que abre alas para os sais
da felicidade e da inspiração
que motivam o meu viver

Do alicerce à torre a escala de pendores
multiplica e lá de cima são lançados
para a posteridade

Quebro a taça de cristal para brindar o poema
que nasce no requebro das emoções e circula
para autografar multidões
que lhe ofertaram
ósculos

Escondo a marca
do passo e controlo a grandeza
de tudo

Nas minhas juras até juro
desconjuro creio desconfio
viro do avesso

Juro e só paro de jurar
quando a jura não tiver
efeito

Corto as juras
 em mil pedaços e despedaço
para que não levantem
falso e rasguem
as juras que faço

Me jogo na fonte dos desejos e pesco
a moeda da sorte para animar
as desditas criadas nas rotas
sulcadas pelo tempo e bebo
águas que esterilizam
alma esquartejada

Estudo o mundo com tudo
que ele pode dar e receber

Estudo o hálito
da rosa vermelha ou branca
que mora no meu jardim

Atropelo os sentidos perdidos
nos holofotes da vida

Desvio o caminho que aderna
as ruas do meu destino

Percorro sozinho
 tropeço
em veredas e descanso
no balanço pipocado
pelo vento
Nety Maria Heleres Carrion

Sentidos - 25012010

Atropelo os sentidos
perdidos nos holofotes
da vida




Desvio o caminho
que agita as ruas
do meu destino




Tropeço
em veredas e descanso
no balanço
pipocado pelo vento




Nety Maria Heleres Carrion

Juras - 25012010

Nas minhas juras
até juro
desconjuro
creio
desconfio
viro do avesso


Juro e só paro de jurar
quando a jura não
surtir efeito


Corto as juras
em mil pedaços
para que não levantem
falso e despedacem
as juras que faço



Nety Maria Heleres Carrion

Pendores - 25012010

Do alicerce à torre
a escala de pendores
multiplica
Quebra a taça e brinda
o poema que nasce
no requebro das emoções
Esconde a marca
do passo e oferta ósculos
às multidões

Nety Maria Heleres Carrion

Meus ais - 25012010

Dou trela
aos meus ais
na ânsia de encontrar
um sinal
que me devolva
a paz e abre alas
para os sais
da felicidade


Nety Maria Heleres Carrion

Oração poética - 25012010

Não pranteio
o hoje nem o amanhã




Saúdo o hoje
que recebe o meu eu
sem deixar resíduos
E assim eu mudo
para o mundo
do pensamento e hiberno


no silêncio
da oração poética
para acordar
com meus poemas

Nety Maria Heleres Carrion

Docas da alegria - 25012010

Na noite alta
o pensamento risonho
entra


sem aviso
sem licença e segue


a rotina do dia e da noite
para buscar alento
nas docas da alegria


Nety Maria Heleres Carrion

Recheios poéticos - 25012010


Desfolho pétalas
do bem ou do malmequer da vida
atribulada ou vazia

Aparo e recomponho a flor da esperança
que nas noites altas rebocam
alegria e pairam no vácuo
do pensamento
poético


Nety Maria Heleres Carrion

Sinal - 25012010

Não quero adoçar
lamúrias
nem salgar alegrias
Basta que o sinal
de tudo
Abra a gaveta do mundo
para entrar toda
a paz
Que é parte
de mim e num abraço sem fim
Visualizar
o antes e o depois
do amanhecer do tempo

Nety Maria Heleres Carrion

Obelisco da fantasia - 25012010

Saio sem dizer adeus

sem pestanejar


crendo que tudo no mundo

está feito e o desfecho


pode ser eleito no obelisco

da fantasia

Nety Maria Heleres Carrion

Sede - 25012010

Não quero nada
que lembre
tudo que passou


Tenho sede
do agora e o depois
acontece por fora do balaio


Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 24 de janeiro de 2010

Chamas pelo mundo - 23012010

Escrever para que
por que
para quem
Escrever
para mim e para o mundo
da poesia
que há em mim
Descrever sonhos
risonhos ou tristonhos
Amadrinhar os versos
voltados para a poesia
Agitar a emoção
batutar concertos
encarar a voz
tímida e lançar chamas
Pelo mundo
do pensamento


Nety Maria Heleres Carrion

Ser ou não ser - 23012010

Invoco energia
para superar o engodo
de ser ou não ser

Uma questão de valores
percebidos no estampido
das notas musicais

Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Regresso - 21012010

Regresso do sonho
espetado por vozes
que me segredam coisas
fora da razão
Visito seres e lugares
os mais estranhos
nesses momentos
de levitação e vivo
os milagres da flutuação
Gravito em forma
de vapor e desvaneço
no torpor das horas.


Nety Maria Heleres Carrion

Elo poético - 21012010

Com a pena colorida da emoção viajo
de encontro às ruas do mundo
em busca do elo poético
que me conduz a tudo
que gera poesia.

Nety Maria Heleres Carrion

Duelo poético - 21012010

Encurto um olhar
distante e curto
os horizontes da vida
sem medo
de ser feliz
Brinco com a brisa
perfumada que me carrega
pelos ares e restauro dons
amarelecidos da poesia
Vivo a poesia e a poesia
vive em mim
Duas almas
num duelo poético.


Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Fofura das aquarelas - 20012010

Encurto olhar distante e curto
o horizonte da vida sem traumas
sem medo de ser feliz

Restauro dons amarelecidos
para lançar nos campos
refinados do poema

Destrinco as portas e janelas e brinco
com a brisa perfumada que me conduz
aos sonhos e à poesia

A pena me procura para dar vazão
ao poema

Eu procuro a pena sem nenhuma pena
para guardar a poesia nos anais
do mundo

Pena que não possa usar dia e noite
a pena colorida da emoção
para extravasar
o que sinto

Eu quero apenas manter a pena
esperta acesa alerta


Viajo de encontro às ruas do mundo
em busca de tudo que possa gerar
a poesia

Não quero nada que lembre
tudo que passou

Tenho sede do agora e o depois
acontece por fora do balaio

Saio sem dizer adeus sem pestanejar
crendo que tudo no mundo
está feito e o desfecho
pode ser eleito
no obelisco
da fantasia

Não quero adoçar lamúrias
nem salgar alegrias

Basta que o sinal de tudo abra a gaveta
do mundo para entrar toda a paz
que é parte de mim

Num abraço sem fim com o antes
e o depois do amanhecer
do tempo

Desfolho a margarida infantil a cantar
o bem ou o malmequer da vida
atribulada e vazia

Aparo as pétalas e recomponho a flor
da esperança para enfeitar
outro jardim

Noite alta baixam os dons rebocados
pela alegria e pairam na gaiola
cravejada de recheios 
poéticos

Noite alta céu risonho o pensamento entra
sem aviso sem licença e segue na rotina
do dia a buscar alento coersivo
nas docas da alegria

Com a rosa vermelha ou branca tanto faz
virá a paz que enlaça eu e o tudo
com o véu da esperança
cobrindo os tinos
do mundo

Ultrapasso as paredes da vida
para sentir o hálito das rosas

Enterro os espinhos no baú
do esquecimento

Sigo os passos na fofura das aquarelas
onde desenho o perfil da esperança
nos anais do dia

Não pranteio o hoje
nem o amanhã

Saúdo o hoje que recebe o meu eu
sem deixar resíduos
nas estradas

E assim me mudo para o mundo mudo
do pensamento e hiberno no silêncio
da oração poética para acordar
com os poemas.

Nety Maria Heleres Carrion

Razão - 19012010

A noite geme
nos subúrbios e nos castelos


Inunda o bem e o mal
em sintonia com a razão
que cobre
desvios e acertos.


Nety Maria Heleres Carrion

Frutos - 19012010

Lidero a turma
do faz tudo
Emprego os dons
do mundo
pra colher os frutos
condecorados
pela mágica das idades.


Nety Maria Heleres Carrion

Sintonia - 19012010

Enquanto o mundo gira
em sintonia com o universo
das emoções

Nas vinhas da caridade
gira a cabeça
emparedando corações
Nety Maria Heleres Carrion

Aio - 19012010

Saio para fora
do meu eixo
Consagro os dons
para uma viagem
pelo mundo
da solidariedade
Espargindo sons
de felicidade
pelos caminhos
de espinhos
Sou aio de tudo.


Nety Maria Heleres Carrion

Isca - 19012010

Sou isca da verdade


nos quatro cantos
do mundo

Na pesca
cuidadosa e vazia
a maresia da vida retalha
sem antecipar
saída ou chegada.


Nety Maria Heleres Carrion

Vitalícios desejos - 19012010

Durmo de costas

para os eventos que golpeiam
os vitalícios desejos

junto aos amistosos corações

centrados nos campos reais
da felicidade

que habita
a mansão do saber

Nety Maria Heleres Carrion

Porto seguro - 19012010

Procuro no escuro
o porto seguro para ancorar
meus desejos


Resguardo
a doçura dos tempos maduros
que cruzam os ares


Recuso ofertas falsas de felicidade
cujo teor emprega banalidades
proferidas em discursos.


Nety Maria Heleres Carrion

Novos tempos - 19012010

Sou a gota da felicidade
que desliza de mansinho
sobre os novos tempos


à procura de um ninho
para chocar todas as verdades


para beliscar e sacudir
os limites da redenção

nos viveiros ordeiros
do falido retrato
da felicidade.


Nety Maria Heleres Carrion

Caminhos - 19012010

Escolho o caminho mais curto
para a felicidade
Que se arrasta nos cantos
da casa e com seu bastão
toca o teto do mundo
Escolho rosas para enfeitar
os caminhos
por onde passo
Faço de mim um calvário
de lamentações
criado num oceano
de emoções
Varro o chão da maldade
para fora da felicidade
Que anodoa os picos mais altos
do coração.


Nety Maria Heleres Carrion

Lua de mel - 19012010

As letras em desatino
caem nas valas
do destino
As letras se desdobram
ou se agrupam
para formar o tino
da poesia
Em liberdade
amadurecem e retornam
Em lua de mel
com as rimas.


Nety Maria Heleres Carrion

Creio - 19012010

Creio
no Ser Maior
Creio
em mim
Creio
nas horas do tempo
que dão corda
ao pensamento e jorram
sabedoria nos credos
da criação.


Nety Maria Heleres Carrion

Alicerces - 19012010

Invisto nas pérolas
da criação
Amoldo as sílabas
do verbo e construo alicerces
Que dão alvura
aos desejos da criação
Misto de prazer desnudado
na hora eterna
da poesia
Renovo as células
da imaginação
Com imagens perenes
do cotidiano.

Nety Maria Heleres Carrion

Acordo soberbo - 19012010

Alteio a voz e cavoco
a rocha celeste

Escalo paredes de pedra


Piso nas florestas virgens
da imaginação e desço
aos veios subterrâneos
do pensamento
retidos nas horas que semeiam
os frutos apocalípticos das rimas
patenteadas nos poemas


E nesse acordo soberbo
o mundo acorda coroado
pelos selos aristocráticos
da poesia.


Nety Maria Heleres Carrion

Busca - 19012010

A busca permanente
pelos sobreviventes
da fé
embala o coração
do mundo.


Nety Maria Heleres Carrion

Desconhecido - 19012010

De onde vem o pensamento?

O pensamento vem
da insalubridade do olhar

Que mastiga venenos
com menos
ou mais sais ou virá

Das tempestuosas acústicas
que rompem os tímpanos
da memória e galopam
rumo ao desconhecido
que habita ar e terra

O pensamento atordoa
a imaginação e se debruça
num voo infinito

Preenche o vácuo da inspiração
com ondas sonoras da poesia

Que hiberna nas cavernas e flutua
ao sol e ao vento na ciranda
das rimas

Busca o atol das emoções e dá
alento mágico aos poemas.

A busca permanente pelos sobreviventes
da fé embala o coração do mundo

Alteio a voz e cavoco a rocha celeste
pisando nas florestas virgens
da imaginação


Desço os veios subterrâneos do pensamento
retidos no pisca pisca das horas que semeiam
os frutos apocalípticos das rimas
patenteadas nos poemas

E nesse acordo soberbo o mundo acorda
coroado pelos selos aristocráticos
da poesia

Amoldo as sílabas do verbo e construo
os alicerces que dão alvura
aos desejos da criação

Invisto nas pérolas da criação num misto
de prazer desnudado na hora eterna
da poesia

Renovo as células da imaginação
com imagens perenes do cotidiano

O sopro de luz mascarada na sombra
seduz visitante

Creio no ser maior creio
em mim e no mundo

Creio nas horas do tempo que espetam
o pensamento e despejam sabedoria
nos credos da criação


Desentravo palavras frases e travo batalha
rumo à calha da poesia onde rodopiam
sem destino até encontrar senso
mágico que as fortalece

As letras em desatino caem nas valas
do destino se desdobram e se agrupam
para formar o tino da poesia

Em liberdade amadurecem e retornam
com rimas nupciais em lua de mel
com as rimas enroladas
no carretel da poesia

Escolho o caminho mais curto para a felicidade
que se arrasta nos cantos da casa e com seu bastão
toca o teto do mundo

Escolho rosas para enfeitar os caminhos
por onde passo

Faço de mim um calvário de lamentações
criado num oceano de emoções

Varro o chão da maldade para fora
da felicidade que anodoa os picos
mais altos do coração

Sou a gota da felicidade que desliza de mansinho
sobre os novos tempos à procura de um ninho
para chocar todas as verdades e sacudir
os limites da redenção que enlaça
os viveiros ordeiros do falido
retrato da felicidade

Procuro no escuro o porto seguro
para ancorar meus desejos

Resguardo a doçura dos tempos maduros
que cruzam os ares e recuso ofertas falsas
de felicidade cujo teor emprega
banalidades proferidas
em discursos

Durmo de costas para os eventos que golpeiam
os vitalícios desejos junto aos amistosos corações
centrados nos campos reais da felicidade
que habita a mansão do saber

Sou isca da verdade nos quatro cantos
do mundo

Na pesca cuidadosa e vazia a maresia
da vida retalha sem antecipar saída
sem fugir da raia

Sou aio de tudo

Saio para fora do meu eixo e consagro os dons
para uma viagem pelo mundo da solidariedade
espargindo sons de felicidade
pelos caminhos de espinhos

Enquanto o mundo gira gira a cabeça em sintonia
com o universo das emoções emparedando
os corações nas vinhas da caridade

Discursos desprovidos de conteúdos
céus e terras conselheiros
na hora incerta

Passam perto e atropelam os mitos
da descrença com o bastão
da coragem

Lidero a turma
do faz tudo

Emprego os dons do mundo para colher
frutos condecorados pela mágica
das idades

Expulso a gula dos desejos burocráticos
de rituais macabros

A noite geme nos subúrbios
e nos castelos

Inunda o bem e o mal em sintonia
com a razão que cobre
desvios e acertos

A poeira do sentimento levanta e toca o sino
de recolher em todos os rincões
amaciando rochas
nas constelações

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Que rei sou eu - 16012010

Que rei sou eu
que busca a realeza
na correnteza feroz
da vida
Que titubeia
nos empecilhos e tropeça
nas teias do pensamento
Que rei sou eu
mero espectador do mundo
em crise
Que se distrai
nas horas e perde o bonde que sai
à procura do alento
no vento da esperança
Que rei sou eu
a cochilar na treva
da ambição
que habita céu e chão
A dedilhar
nas cordas da emoção
presas aos rituais
do coração
sem rumo sem ação
cravados nos labirintos criados
nas rotas
da imaginação.


Nety Maria Heleres Carrion

Sonhos - 16012010

Quem viver verá o sonho
transformar-se em realidade
Verá a solidariedade
aos pés do mundo
Verá a paz e o conflito
gerados pelo mal-estar dos apitos
estridentes da consciência
que desperta para a ressonância
com o outro
Quem viver verá glórias e desvios
na história
Verá como é doce viver e poder sonhar
com o amanhã fardado nas cores
do espectro solar que irradia
vida e busca saída
para os males do mundo
Quem viver verá o amanhecer
do pensamento brilhar
em todas as direções e conduzir
as emoções
na fofura dos dias
Terá a terra a seus pés e dará
o chute inicial
que o levará a traçar planos
dentro da plenitude
do pensamento.


Nety Maria Heleres Carrion

Conforto - 16012010

Aqui estou eu a rezar
a reza dos combatentes
A escorregar
na treva dos esquecidos
A rodar a roda
do casuísmo
para encontrar
o robusto recém-nascido
Envolto nos panos
da esperança
Que não desvanece na sombra
que amadurece na crença
sábia da palavra
que conduz o conforto.

Nety Maria Heleres Carrion

Sete vidas - 16012010

Aqui estou a sonhar
o sonho
das mil e uma noites
A viver as sete vidas
a cantar o canto
da cotovia
Que envia tristezas e alegrias
ao sem chão
ao sem sol
Pra pousar e iluminar
as trevas do coração.

Nety Maria Heleres Carrion

Meu palco - 16012010

Juntei cenas
no pico da aurora
Fiz do mundo meu palco
meu tudo
Criei personagens mudos
dancei a valsa da consolação
sobre o chão salpicado
de estrelas
Encantei platéias
recebi as glórias deste mundo
Nadei nos mares profundos
em busca de asilos moribundos
crescidos nas raias
do pensamento.

Nety Maria Heleres Carrion

Contrastes - 16012010

Destrocei o nada
Cambaleei na corda bamba
do pensamento
Subi no teto
da vida e me joguei
nas ondas da inspiração
Subi paredes
lisas ou enrugadas
Escorreguei nos contrastes
do mundo
Pus meus pés em cima
do muro e saltei num segundo
sobre as rochas
da imaginação.


Nety Maria Heleres Carrion

Saudade - 16012010

Sigo as ruelas
dou manivela para agitar
o tempo
Extraviado
nos anos
Pela ausência pobre
que cobre o universo
Pelos lentos pensamentos
destituídos de saudade
junto ao corpo destronado
da felicidade
Visito a saudade no esconderijo
da alma e palmo a palmo
me vejo rumo ao tudo.


Nety Maria Heleres Carrion