Encurto olhar distante e curto
o horizonte da vida sem traumas
sem medo de ser feliz
Restauro dons amarelecidos
para lançar nos campos
refinados do poema
Destrinco as portas e janelas e brinco
com a brisa perfumada que me conduz
aos sonhos e à poesia
A pena me procura para dar vazão
ao poema
Eu procuro a pena sem nenhuma pena
para guardar a poesia nos anais
do mundo
Pena que não possa usar dia e noite
a pena colorida da emoção
para extravasar
o que sinto
Eu quero apenas manter a pena
esperta acesa alerta
Viajo de encontro às ruas do mundo
em busca de tudo que possa gerar
a poesia
Não quero nada que lembre
tudo que passou
Tenho sede do agora e o depois
acontece por fora do balaio
Saio sem dizer adeus sem pestanejar
crendo que tudo no mundo
está feito e o desfecho
pode ser eleito
no obelisco
da fantasia
Não quero adoçar lamúrias
nem salgar alegrias
Basta que o sinal de tudo abra a gaveta
do mundo para entrar toda a paz
que é parte de mim
Num abraço sem fim com o antes
e o depois do amanhecer
do tempo
Desfolho a margarida infantil a cantar
o bem ou o malmequer da vida
atribulada e vazia
Aparo as pétalas e recomponho a flor
da esperança para enfeitar
outro jardim
Noite alta baixam os dons rebocados
pela alegria e pairam na gaiola
cravejada de recheios
poéticos
Noite alta céu risonho o pensamento entra
sem aviso sem licença e segue na rotina
do dia a buscar alento coersivo
nas docas da alegria
Com a rosa vermelha ou branca tanto faz
virá a paz que enlaça eu e o tudo
com o véu da esperança
cobrindo os tinos
do mundo
Ultrapasso as paredes da vida
para sentir o hálito das rosas
Enterro os espinhos no baú
do esquecimento
Sigo os passos na fofura das aquarelas
onde desenho o perfil da esperança
nos anais do dia
Não pranteio o hoje
nem o amanhã
Saúdo o hoje que recebe o meu eu
sem deixar resíduos
nas estradas
E assim me mudo para o mundo mudo
do pensamento e hiberno no silêncio
da oração poética para acordar
com os poemas.
Nety Maria Heleres Carrion
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