terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Serviçal - 131209

Semeio os frutos do porvir
calcado nos sentimentos maduros

Percorro o A e o Z da existência
à procura do ser maior
que me sustenta e dá arrimo

Traço  meu rumo em torno da esfera
do pensamento e marco passo
no espaço criativo
do saber prosaico


Prefiro não comentar
o que acontece
no mundo das idéias



Prefiro dizer que o pensamento
rodeia o mais alto escalão
da natureza e bombeia
os recintos amorosos
da consciência



Condena o coração ao exílio burlesco
da história que emerge no meio
da rotina malsã


Sou da vida o serviçal que cria e é criado
para doar sua alma

Sou serviçal sem talismãs para ofertar
sem segredos para ocultar
sem receios ou medos

Sou serviçal e me enredo nos poemas
para chorar ou cantar

Sou serviçal da poesia
sou aio sou lacaio

Sou


Me dobro ao destino das ruas
espelhado na lanterna
da sabedoria

Não quero pensar na agonia
de não pensar

Quero rezar a reza
de todas as horas


Quero luzir com os astros e cantar
o canto dos pássaros

Quero beber os sais criadores
da poesia e me alar num tapete
bordado de poemas

Quero o coração do mundo encostado
ao ouvido com apelos esculpidos
nas paredes da alegria


Estou só e me sinto só por um momento
íntimo do pensamento

Estou só mas não tão só que não possa
erguer a voz e dedilhar mais versos
pelo universo

A sós me vejo quando os clarins
da aurora me acordam
com lampejos do dia


Mudo a tudo mudo tudo
mudo meu sol mudo meu chão
escorrego nas farpas
do coração

Só não mudo o meu tudo
por nada deste mundo

Só não mudo
porque mudo a este mundo
não sou.

Nety maria Heleres Carrion

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