domingo, 20 de dezembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Reflexão - 241109

Repouso meus lábios

Na face corada
Da noite

Pensamento atraído para os dons

Retidos nos relicários perdidos
Nos desertos da vida

Escolho o caminho mais curto

Do esquecimento que arrasa

Olhos e percorre
Longa estrada

Chego à tenda dos troféus

Arrebito o andar trôpego e alço voo

Na corrida pela reflexão íntima


Nety Maria Heleres Carrion

Coração de Papel - 231109

Meu coração é de papel

Amassa
Embola
Voa
Mas retorna

Com o listel de sua era


Tropeça nas figuras

De estilo e rodopia o brilho do destino
Alado ao vento da esperança
Que tudo pode e tudo faz.
Nety Maria Heleres Carrion

Calvário da noite - 231109

O assoalho do pensamento
está machucado pelas asperezas
da sola gananciosa
que a escola enrijecida apregoa
na rotina dos dias

A tocha da ilusão incendeia
corações que deslizam
na passarela da paixão

Espreita os caminhos
da verdade

Esconde o calvário da noite na garrafa
das lembranças e joga nos destroços
sem ida nem volta

Escolho o som da natureza
que resvala nos condutos
perfumados da existência e se une
ao balanço ritmado dos trejeitos
amendoados da emoção
crescida nos arrabaldes

Nety Maria Heleres Carrion

Sabor da fantasia - 161109

Em vão invado o teu olhar
a procura de não sei o que
e o que encontro
não me satisfaz


Melhor seria
nem sequer te ver


A sombra que ofusca o teu olhar
apaga a carícia e o desejo
de te mimar


Guardo na retina
o sabor da fantasia.



Nety Maria Heleres Carrion

Máscara da face - 161109

De cabeça quente enquadro

redomas de cristal
aquecidas nos biombos estressados
do universo

Versos que escapam das algibeiras

num bailado esvoaçante
nas lisuras das asas
de borboletas

Dependurada nas cordas da inspiração

a máscara da face titubeia
ante o colorido da platéia e tateia
sorrisos e aplausos


Nety Maria Heleres Carrion

Poemas do amanhecer ao anoitecer - 121109

Estou poeta e meu tema
é fazer poema
do amanhecer ao anoitecer


Crio cenas
no cenário


Furto cenas
extraio lemas dos emblemas


Bisbilhoto a rotina
das aquarelas


E na jogatina dos dias
sabatino o tempo.



Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Seção de Autógrafos 2009


Serviçal da poesia



Cavoco sentimentos
Pra massagear meu ego

Não nego nem renego
Os instrumentos que me fazem
Rir ou chorar com inventos
Que me dão arrego nos abismos
Carregados de luz

Derreto as horas congeladas
No silêncio da madrugada e aparo
As gotas que driblam o momento

Cego o cérebro percorre vielas
Ate o portal das noites que decifram
Contos amassados no ritual
Majestoso do sonho

Volto e me debato nas teias
Alicerçadas no pensamento

Fito ocultos momentos e sinto o gosto
Do verbo que habita a mansão do saber

Tateio sombras e luzes
Faço figas e cruzes
Abuso das rimas e conserto
Minhas elegias

Sou serviçal da poesia

Lua dos meus desejos - 091109


A lua dos meus desejos
exala luares milenares
 se embola na tela
do firmamento
se faz filete
faz chorar
faz sonhar
faz sorrir
A lua dos meus desejos
esconde a face e vira mistério

A face da hora
devora a roda da vida e atrofia
o esplendor dos tempos.

Um chão de forças

evoca sons e imagens
no palco da vida

Dissipa os ventos da solidão
traz consolo agita o andar
é rochedo e aguarda
o sinal para passar



Um chão de forças tem partituras
de fé e ramalhetes de emoções
curtidas na pele pelo frio
pelo sol e pelo sal
do tempo



Escuta e modifica ecos e sons
nomes e verbos



Ondula
olhos e boca



Indaga e se afoga
Entre alicerces e torres



Um chão de forças desembrulha
sombras humanas atadas
aos cordões de um tempo
que não houve e conversa
com o hoje e o amanhã.



As ruas do meu destino
marcadas pelo tempo
são conselheiras
na solidão



Desafogam credos
temores e ansiedade



Nas ruas do meu destino
hibernam sentimentos
sonhos e fantasias
idéias e ideais

As ruas do meu destino
gastas ou ainda cruas
mastigam falas
ocultam segredos
disparam milagres.



A madrugada bizarra
voa
em busca do nada

Fala ao vento
numa comunhão cósmica
com hospedes que incendeiam
o universo da mente

Bruma sonolenta
sacode o coração
aos tropeços

Passos falsos
num chão de arabescos.

Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 1 de agosto de 2009

Gula do tempo - 070309


Desligo a sirene
do tempo e rasgo fantasia
no rosto da ilusão


A gula do tempo se afoga
na histeria do vento


Mascara o espelho dos dias


Sentimento favorável
no espelho da vida.


Nety Maria Heleres Carrion

Música das horas - 200109

Ciladas da glória
inventam histórias
de príncipe encantado

A música das horas
magnetizada
em tempos virtuais embala
caminhos atapetados
pelas pétalas
dos sonhos

Histórias
supridas de encantamento

Doses maciças
de felicidade

Tempero das emoções
que liberam ósculos
nas paredes caiadas
do dia.


Nety Maria Heleres Carrion

Colírio dos tempos - 200109

Entrave na esfera da saudade
busca o combate secretado nos poros
da alma e conduz na palma do sentimento

Colírio dos tempos
orquestrado pelos sons e pelas cores
da memória enlaçada na berlinda do cosmos

Miçangas esvoaçantes de paz e amor

Doce encontro
com a esfera rubra do sentimento
embalado nos molhes do pensamento
transita no dorso da alma em festa.

Nety Maria Heleres Carrion

Confissões - 200109

No calendário da vida confissões
medos espertos degredos
expostos ao tempo

Venenos soletrados à margem do corpo

sedentos de rimas coloridas

Anseio palpável extraído na hora atropela

o mito do sonho gerado nas cordas
rebeldes do pensamento

Espelho curioso olhar incendiado

na luz do amanhã

Pretexto erguido no pódio

da diluída esperança.


Nety Maria Heleres Carrion

Gueixa mentora de tramas

Gueixa mentora
de tramas

Quimono na roça
esperta
metamorfoseia fruto
meloso

No tripé do best-seller
espia
mundo secreto e no banquete
cria oásis de beleza
para cenário
enfadonho

Arte da natureza.

Nety Maria Heleres Carrion

Anomalia - 140109

Mergulho na arena trançada de cores
sons amores


Mergulho nas frestas caiadas nas dores
borrifo as candeias
sombras e luzes

Recorto as idéias nas flamas e espalho sementes
na roça esperta do dia


Recolho fruto exausto maneado na era burocrática
que sacode o pensamento
na escada do tempo

Anomalia caiada nas sombras.


Nety Maria Heleres Carrion

Por trás dos montes - 140109

Por trás dos montes
existe uma ponte
onde brilha avessa
às torturas

Por trás dos montes
desponta história mal sucedida
encardida no tempo
espesso da vida

História engendrada
no luto caipira
desfia lágrimas num mundo
aos pedaços e pede
pedágio

Gesta sementes
nas prateleiras da memória

Peças que hibernam
na alcova
do pensamento

Enxertos de saudades
maculada no espaço florido
da idéia.

Nety Maria Heleres Carrion

Palavra - 170509

Exploro as cores do dia e recomponho
os passos da paixão

No palco enrubescido solto a palavra
que rebenta iluminada pelas luzes
do coração.

Nety Maria Heleres Carrion

Grandeza - 170509

Eu tenho tanto que lhe falar
mas as palavras
tropeçam nos astros e sucumbem
diante da tua grandeza

Empalideço e penso
no sufoco desse mundo
oco.

Nety Maria Heleres Carrion

Magia - 160609

Voos dissecam as sombras
do céu e espalham
sombras e luares


Magia dos cantares
erigidos no arraial
da boa vontade.

Nety Maria Heleres Carrion

Arraial da boa vontade - 160609

O arraial da boa vontade encara
restos de fantasias esmagados
na correria do dia

O arraial se arrasta na praça e consome
a graça dos costumes paridos na era
de espetáculos gigantes
sob o céu leitoso

Sufoca o andar mastigado da trupe e desenha
cascatas de girassóis nos refugos da noite.

Nety Maria Heleres Carrion

Mesmice - 200609

Norteio meus passos e canto
até cair no cansaço

Viro a página das lamúrias que arde
nos cantos e jogo nas alegorias
do esquecimento

Prego o prego da paz e amontoo
bênçãos promissoras

Brinco com o norte da sorte e da morte
esqueço os ferros em brasa

Dentro da asa do porvir navego me embalo e me enterro
nas euforias da casa à espera de um céu que arrasa

E no acorde da fantasia me acordo
na mesmice do dia.

Nety Maria Heleres Carrion

Alegorias - 200609

Subo nos ares da existência
pelos degraus maculados do tempo

Sacudo o pó da tristeza e pinto
alegorias dos andares

Nas asas da sabedoria
pego carona e voo
no carro florido da felicidade.

Nety Maria Heleres Carrion

Revelações piramidais - 180609

Amarro-me
dentro de mim e percorro os tomos
dilatados do coração

Existência febril
nas frestas da alma goteja diluída
num sopro de luz

Penetro na agonia
dos ventos da sorte

Encaro a noite da vida
na corrida pelo espaço
clandestino

Desato os nós
da existência e desfio as cordas
do pensamento

Me atiro nas águas
gulosas da saudade e me entrego
às revelações piramidais.

Nety Maria Heleres Carrion

Encontros - 050509

Encho meus olhos
com o espectro
da luz e colho
as cores do amanhã

A noite cai e a imaginação viaja
atrelada à memória
em busca do verbo que habita as cavernas
do pensamento e rasga a loucura
mergulhada no tempo

Despenca a saudade
espiralada no pensamento e estuda tudo
num mundo absurdo

Fala
com as lembranças e os sonhos

Na febre
suga encontros.


Nety Maria Heleres Carrion

Extrato da noite - 050509

O extrato da noite
tocou o solo
espargiu mensagens e seguiu na aragem

O extrato da noite
buscou asilo
nas horas mortas
postas nas covas
do pensamento

Buliu
na esfera do tempo

Rasgou quimeras
dispersas nas eras
do entendimento
sedento de auras geradas
no aconchego da alcova
ebriada de sonhos.

Nety Maria Heleres Carrion

Enxame de letras - 050509

Luz do querer
sopra o manto sereno
do alvorecer e pranteia
o amanhã voalizado

É hora de bater asas
voar no tempo e acolher as dicas
do vento
pra desatar as nódoas
do pensamento

É hora de rasgar e dar lugar
ao enxame de letras
exalado pelo verbo.


Nety Maria Heleres Carrion

Verbo aos pedaços - 250309

O verbo habitou entre nós e na pele
da alma fez morada

Verbo aos pedaços pelo espaço
à procura de braços se debruça
no compasso do tempo

O verbo se fez rubro e pintou auroras
na tela da imaginação

Sorveu o breu da existência e irrigou
o campo das idéias.

Nety Maria Heleres Carrion

Que rei sou eu - 010409

Que rei sou eu
sem palácio sem coroa
vivendo à toa
vida má nem boa
à espera do novo
a bicar a casca do ovo
para entrar
em cena e devorar
estátuas empertigadas

A jorrar personagens
com idéias e ideais


A imolar o mundo da fantasia
no fundo de um palco fosforescente
onde se transfigura a criatura
Que rei sou eu
que toda a noite se veste
com as cores da ilusão e desfila
na passarela do sonho



Que rei sou eu
que pernoita na plataforma
afrodisíaca do pensamento
onde colhe mensagens
que liberam ósculos da liberdade
retidos nas malhas do universo
pelo portal soberano dos deuses

Que rei sou eu
lacaio dos próprios desejos
estocados no balaio do pensamento

Que rei sou eu
na magreza dos dias
coleira de ouro rasgada
puída pela nobreza

Vegetando no silêncio
na solidão do asfalto
cadafalso da noite estrábica
no mar da desilusão

Que rei sou eu
astro que vira capacho
da arte dramática
espelho da desordem
num mundo vesgo


Estrela fosforescente que anda
na lua e retorna aos farrapos
até cair no cansaço do mundo oco

Massacre
de ídolos dourados.
Nety Maria Heleres Carrion

E-mail em 09/01/2009, de DKK: "QUE REI SOU EU". É isso, é isso! Muito bom... obrs assim é que me dão a esperança de que o "VOO" não seja somente um "salto", mas sim um ÍCARO DESTEMIDO, afinal, independência se conquista com qualidade...


domingo, 1 de março de 2009

Sem anéis - 071106

Vivo em meio a papéis sem anéis
mas anelada em meio
a pensamentos


Vivo desse ou daquele jeito
nada é perfeito
mas me ajeito


Insuflo o peito
daquele ou desse jeito


Vivo peregrino
sobre a terra sem morada permanente


Hóspede
que nada tem a ver
com os negócios do mundo.

Nety Maria Heleres Carrion

Palavras esdrúxulas - 050907

Versos de cunho lírico
solfejos de sons e réplicas
acordes em si melódicos
invadem mundo estrábico


Nas claves de sol clássicas
prelúdio musical estático

Doces palavras esdrúxulas
despem-se lentas ao crepúsculo
rodeiam o mundo elíptico
soltando o verbo encíclico


É rima apocalíptica
é melodia lúdica
é solfejo espasmódico
na clave de sol empírica.

Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Casulo do dia - 140209

A noite principesca
amadurece
as horas

Descola
sonhos e fantasias


Circuitos voadores
ornam procelas e incendeiam
o mundo eclético


Burguês sonolento espia
o casulo do dia

Retrata
o cansaço
da pieguice medonha.


Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Casulo adormecido - 150407

Penso
escrevo
existo

Difundo pensamentos
idéias
para o mundo

Evolo sentimentos
que sobressaem do casulo adormecido
enclausurado nos divinais recônditos líricos


Mensagens calóricas
que desprendem tamborilantes auras juvenis
impregnadas de joviais e jubilosos anseios pueris
ritmados pelos ecos cantantes do verso ondulante revolto
dos guardados da memória

Memória exultante
plena de mitos e ritos
em busca do elo reconstrutor
nos dias elásticos supridos de imagens

Esculturas líricas
afrodisíacas
retidas nos montes
pictóricos


Pigmentos lúdicos
acenam ao mundo encantado

Fantasias ordeiras
imantadas de florais temperos
extraídos de um tempo galático
gestando corpos estelares
míticos
em ascenção cósmica


Atraídos por coros secretos
segredos multifacetados
multicoloridos
ornam orla espacial celeste
vidente
onírica
embalada por deuses e musas
extradimensionais
que planam asas peroladas
translúcidas
num castelo adormecido
pelas quimeras zodiacais
em contato com mistérios oníricos
do pensamento humano

Nuvens alvas
da alma labiríntica
burilam ocaso anodoado
que habita nostálgica página de vida gêmea
caída no pedestal emblemático
em horas celestiais
de sapiência
milenar


Crisálidas larvas do coração faiscado
pela poeira do tempo
circulam em castelos
de sonhos
redentores
andares


Degraus anelosos
sob um palco espectral
lançando fluídos enlatados
na orgia do tempo
que não pára nem vacila
não raciocina
não dorme


Avança
ceifando corações
abotoando ilusões
nas casas
da memória

O tempo dispara lentamente
solta-se ao vento em direção ao futuro
ornamentado esperançoso
que reluz
numa aura transparente


O tempo avança e pisa
no calcanhar daquele que ousa
seu passo travar

O tempo dispara sem rodeios
busca o infinito e colhe mensagens
que se dispersam no ar
atraídas pelas mentes
receptivas


O tempo amadurece as horas
molha os olhos seca os dias
resseca pensamento nublado
pelo envelhecer carcomido
da semente gélida
num lépido passar
de tempo.

Nety Maria Heleres Carrion

Fuso emocional - 120407

Dorme o mundo
dorme
a palavra
nada acontece



Flutua o lápis
na esmarelecida folha
esperança da consciência
que desperta
num fuso emocional



Despregam-se sentimentos
da meditação destoante



Quebram-se cristais
na entoante memória



Dedilham-se acordes
suspensos em horas soturnas
que invadem os porões
da saudade



Ofuscados pelo brilho
focado no translúcido volver
do pensamento
coloridos raios penetrantes
da mente esvaída de pérolas
cristalizadas
são espargidos pela aurora
no seio da terra.

Nety Maria Heleres Carrion

Cântaros de ilusões - 230307

Sorrateiramente explodem cântaros
de ilusões retidos no pulsar
das horas vespertinas


Líricas abordagens
transbordantes
efêmeras


Piscosas torrentes abrindo
mescladas imagens
da evolada memória


Místicos seres
regados
de preciosos auríferos


Suave cadente tênue
aurora da vida


Supremos mananciais cacheados
ressonância homem/deus
divino/humano regados
por luminosidades reflexivas


Pensamento boreal ermo latente ensacado
nos rosáceos tules do tempo
corroi estocadas mensagens e lança-as
aos pedaços no espaço


Sílabas flutuantes
no espaço temporal
da vida


Dança cosmopolita grotesca pinelada
ordenando saltando no vai e vem
até encontrar poético e cristalino
consenso


Mananciais
de ternura estética
floridos de simbólicos
gestos briosos
com multicores
toadas


Brilha no espaço
estrela que pisca mensagens
à natureza.



Nety Maria Heleres Carrion

Vertente de beleza - 260307

Poete-se garça poética

no rio de alma florida
que teu vôo reflete

Poete-se garça poética


nos ares das cidades
nos ares das florestas

Asas tamborilantes


paraquedas rasantes
no espaço celestial

Poete-se vertente de beleza


regue flamantes recados
balizados de esperança

Poete-se no halo silvestre


ao som da mata
na luz e nas trevas
do anoitecer ao alvorecer

Poete-se garça poética


conduza o pólen
da semente cálida
ao altar humoso

Alimente a lide campestre


na terra benfazeja
onde desabrocha e perpetua-se
a grandeza da natureza
na sede das hora
de auroras coradas.


Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Devaneios - 251006

Encontros antecipados de sonhos nas noites
acastelam róseos horizontes
que se juntam a outros devaneios


Devaneios lançados na imensidão dos tomos
dispostos em cântaros da saudade
repicam o andar a esmo reduzindo
correntes alienadas à sorte


Bisbilhotam o trinar dos pássaros
que ressoa lúgubre e lento ao anoitecer das horas
despertam num fuso virtual


O sentimento é traduzido
domado e mesclado
por emoções purificadoras


Disposto em camadas genéticas fenece
crivado de odes circundantes e recomeça
cálido nos brotos vegetais da mente


Surge lépido ao piscar da chama
aquecendo sombrios crivos da sorte
ejetos no mundo de sonhos abrangentes do cosmos
confiando na receptiva acolhida celestial
das odes versiculares que dominam
pontos siderais do pensamento


Lanço-me descalço e despido
de propósitos menos audaciosos à procura
da seiva saciadora do poema



Aguardo promissoras respostas aos ditames
da consciência que graça em tempo colorido e anodoa
rebocadas sucatas da hostil memória
que vive no ermitão convicto



Ermitão convicto semeia solidão
que recompensa o ser evadido
no tempo estéril da vida



À margem dos ecléticos sonhos
que rondam o mundo das idéias

Roto e carcomido debate-se o germe da felicidade
na angústia dos devaneios perdidos em meio à miríades
de exultantes dogmas que se mesclam repletos
de nuanças estelares e partem à procura
de lógica para reverter
sombras diáfanas


Sombras diáfanas impedem a geração cosmopolita
de perceber etéreas bênçãos sobre os dias de suspense
no istmo secular do verbo poético que embalsama
poemas e lança-os no estertor futuro embalado
pela melodia suprema da vida


Criatura pensante alienada se angustia
sem divisar résteas de esperança
sugada pelo latente coração
disposto em camadas
supridas de sentimento



Enclausurada pelas horas lentas sujeitas ao repicar
de um tempo inatingível e misterioso
aos olhos da consciência
que recai e abraça
disposta em lemas



Vida superposta empilhada retém e dificulta
restos populares embalados pela melodia
suprema da vida.

Nety Maria Heleres Carrion

Sabedoria vespertina - 251006

No asfalto da noite encontro sabedoria vespertina
que desperta minha alma para o alvorecer
da vida e traz prelúdios amorosos
com acordes imemoriais
de celestes odes


A aura exala perfumes do alvorecer
ao anoitecer inebriando recônditos
inexplorados das emoções
burlando sensações amadurecidas
num repente místico


Numa tonteira de ilusões desce o pano para mostrar
imperfeições que dilaceram a alma inebriada
de ritos selvagens presos a instantes


Busca de cantos seguros
ladeiam a esperança encravada no ser
diluída nas sensações que empanam
memórias complacentes

Memórias dispostas nos salões das lembranças
perpetuam-se num infindável momento
de lucidez perdida na matéria


Em fuga para quiosques meditativos
emoções latentes engalanam
crenças e evoluem na fé
que orvalha mente insegura
com raios crispantes


Fulguram crispantes raios com faróis
de ilusões espargindo e semeando
dons adormecidos no tempo


Desabrocham grãos perfumados
exultantes
à espera de receptiva e desvelada acolhida
fluindo para o verso emancipado
nato
virgem
original
num vivaz tempero tépido
aquecendo a orla romântica
dos clássicos temas
que cruzam o espaço à procura
de braços que o recebam
prazerosos

Temas libertos aptos à missão confiada de vivificar
palavras contidas na efeméride causal
abrem-se para o inusitado reprimido
despencando em cascatas
enrodilhadas de águas
cristalinas


Guturais sons lançam-se
no despenhadeiro
virtual/poético
repicando soando
marchando no compasso
cadenciado da rima
copiosa de lamentos


Murmúrios inebriantes revestidos de galardões
e místicas auréolas conduzem épicos poemas
libertos pelo elevado dom que insinua-se
como melodia num repicar de sinos
cadentes de celestes
templos.

Nety Maria Heleres Carrion

Sonhos nocauteados - 290906

Sibila o vento em marés ondulantes
eriçando sonhos nocauteados pelo alvorecer
das ilusões desnudas que ribombam nas trevas da mente


Sugando os liames do saber
em ruptura com o cosmos
pronto a eclodir no sarau do pensamento
força centrípeta forja a sabedoria do universo
cadente recluso na infinidade do tempo

O tempo redemoinha fios
enredados na aura translúcida


O tempo sublima ondas pictóricas do canto
condutor jubiloso encenando a peça da vida

Regrados de totens extra-sensoriais
em tempos dispersos nas efinges de batalhas


Centradas nos deuses de luz e saber
enclausurados na era perdida dos cavalos
de tróia voam deuses e musas

Em busca do portal das emoções
que abriga jóias da meditação


Tríades de idéias no píncaro extremado
das visões medievais
envoltas em ritos platônicos
de soberanos
metamorfoseados
com máscaras sedentas
de orgias virulentas

Dependente da fera que o cerca
o bicho-homem empobrecido de crenças
recolhia-se aos ritos de magia


Quiromancia vileza epopéica dos bruxos
que infestavam o mar das idéias

Proporções rejeitas pela galáxia
consomem a aurora perdida
no vasto ceticismo do poder


Suspira o poeta na margem das letras

Detona a maresia e rebenta a poesia


Resvalando da mente a poesia suplica
o retorno em coro efusivo e recai
no abismo deslumbrante do prisma
que se bifurca em cores

Nuanças esteladas pipocam
celestes odes engaioladas na surpresa
espocada de luzes cintilantes


Chispas dispersas no estertor cantante
envolvem poema sublime

Liberdade de canoras asas rufantes
brilham efêmeras viandantes
de ilusões eladas no degelo virtual
secretado pela esfumaçante iríade


Circundando o túnel misterioso
culcado de reflexos místicos
de todos os lados

Fluem resplandecentes


Isolados aromas musicais
num vendaval de ilusões.

Nety Maria Heleres Carrion

Seiva purificadora - 150906

A palavra sopra
na insignificante cadeia
crepuscular do mundo



Está dita
nos disciplinares da mente



Incendeia com surpresas
rotula paixões
indaga e protege



Enroladas nas carícias da meia-noite
as palavras caem lentas
nos recônditos mais profundos
da teia que tece o fio da esperança



Enrustidos de favos compenetrados
num sistema de odes versiculares
o mais alto grito assemelha-se
ao canto anônimo do melro



Grito agudo angustiante
apelo contriste
subjugado pelo repassar do tempo
que angustia pensamento
sobe e desce
para mostrar que é insano



Um sibilar tênue recoberto
pela capa do pensamento
noite e dia se insinua
modestamente
num vaguear insano
soprado pelas gotas de orvalho
que molham visões perdidas
até encontrar o elo
que traz a reconstrução



Início e fim melancólico
daquele que canta
no aconchego da alcova



Pensamentos vãos recheados de glorificações
insistem em parodiar temas
rotular mente aflita que vive na aura tenaz
subjugada pelo destemor



Até chegar ao certeiro ponto da meditação
enfurecida pelos dons que deslizam
dos dedos e precipitam-se
sobre a folha branca receptiva



A batuta compassada da pena
colore
deixa mensagens



Alcança corações abertos ao sopro
contínuo das palavras que soam
no retinir das badaladas
recebendo seiva purificadora do poema
que alardeia pensamento



Pensamento embaçado de letras
desregradas amontoadas
pede seqüência lógica
para dar respostas ao cosmos
precipitando-se no abismo incontrolável
do saber para ler e chegar ao ponto
culminante contido nas nuanças
refletidas no rio que percorre alma
congestionada pelo fluxo
elementar do saber.
Nety Maria Heleres Carrion