quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Prurido social - 18082010

Aguardo que o tempo
amadureça
para atender o mundo sacramentado
pelos males que circulam
nas faces sofridas
do hoje

Olhos desequilibrados
pela espera doída

Prurido social
que mancha a pele da memória
com a tinta tóxica
do desprezo
jogado pelos canais insensíveis
da elite criadora
do caos.

Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Uso capião - 11082010

Na barca da vida
viajante pede passagem
para o lado oposto
da margem

Alienígenas
em uso capião
despem pudor e invadem
a miopia do corpo

Alma em gozo
assiste de camarote o final
do espetáculo

Último ato de transição
do ciclo de vida

No condomínio da terra
explode a cena
restando apenas
o nada

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Baganas de fantasias - 09082010

Cultivo espírito e detono
a poesia que vive
em mim

Esfarelo pensamento e concentro
a essência criadora
exaurida nas entranhas
das rimas

Sufoco andar perdido
no halo fresco da madrugada

Retorno feito mendigo
a juntar baganas de poesias
extraviadas nas rotas peregrinas
das ideias

Sigo roteiro enxertado de poesias
que se entrelaçam
no pódio da inspiração

Não sigo regras
ou métricas

Sigo ruelas amadurecidas na mente
calcada nos enlevos poéticos

O andar poético explora cenas
no palco da vida e baila solto
na réplica dos tempos

O ruído das horas mastiga o silêncio
na acústica do vento
da liberdade

O brilho da noite
incendeia os campos da mente
com mensagens repletas
de esperança

Reflete andanças geradas
nas cordas alegóricas da história
que semeia dons
atraídos pelas gotas
da felicidade

Reflete arte tempestuosa
na tela monitorada pelo sabor da hora
que atrela fantasia e destino

O poeta vive à sombra do poema
que revoluciona a mente

O poeta se desdobra
em mil e uma faces para receber
o poema

É preciso respirar o mesmo ar
do poema

É preciso sentir na pele
o tempero que espalha dom poético
no coração do mundo.


Nety Maria Heleres Carrion

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Andaimes da realeza - 06082010

Invoco alegria
pelos cantos receptivos
às toadas madrigais

Enquadro minha proposta com apostas
itinerantes e conserto meu passo
nos andaimes da realeza
onde desato abraço
no sufoco
do ato

Visto meu tempo com os cristais do amanhã
que refletem venturas imersas
em sonhos e ilusões

Rabisco linhas sem princípio nem fim
esperando que segredem
o que querem
de mim

Rabisco linhas no espaço sem fim
esperando que o mundo
acredite em mim

Sigo em frente ou retorno por linhas
retas ou curvas

Atravesso os canteiros da mente e laço
rimas que estão pelos caminhos

Faço voltas e mais voltas
para não roçar no alvo
que atrai promessas
destorcidas
da poesia

Nos claros da poesia busco ousadia das rimas
que impelem o meu pensar para os aclives
divinos e deslizam em taças de vinho

Alma
que chora ou ri
vibra
é deleite é confeito
perfuma e sopra arte
com rajadas vulcânicas
no choro
ou no riso

Nety Maria Heleres Carrion