quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O tempo passa - 021108

Como passa o tempo


Parece que foi ontem que conheci
aquela menina levada
que atravessava
a rua e brincava
na calçada


Parece que foi ontem
adolescente de uniforme
azul e branco
indo para a escola
vaidosa e arrumada


Agora madura continua
formosa e muito amada
pelo esposo
pelos filhos
pelas manas e mãe
pelos cunhados
por toda a netalhada


Que cunhada!


Dilson Zanenga Ruiz

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Concerto campestre - 111108

À frente da estância a charrete apeia
empoeirado baú
de partituras
Na mala penico de estanho
amarrado à alça
Bandolim veneziano
laço de fita vermelho
atado ao cabo
Voz abaritonada
espíritos incendiados
uivos
de alma penada
E do caos fez-se
a música

Concerto campestre.

Nety Maria Heleres Carrion.

Fogo de chão - 111108

Fogo de chão
cuia de chimarrão arrastando-se
entre peonadas e piás

Graxa dos espetos
respingando na brasa

Prenda minha
rainha do pampa


Dona da querência


Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ombro da noite - 050808

Dos meus lábios brota a censura do labor

que desperta na criatura
o incenso que renova a perícia esbelta
do troféu reconciliador da paz




No letreiro da bondade

rasga o cetro de luz
travestido de lobo em pele de cordeiro




Na fachada do tédio

gira nas esquinas dos versos
enlaçado nas vozes da emoção



Símbolo esmaltado nas garoas

do sono
retalhos do vento




Noite na cachoeira estrábica da hora

descalça a roda da vida
embolsa tédio no asfalto sinuoso
da esperança



Luto corado da orgia despenca

no sopro da aurora.



O caldo da hora resvala

no ombro da noite e acavala
a garupa do tempo.




Nety Maria Heleres Carrion

Aquarela - 140308

Nos canais da poesia
filtro a poeira do pensamento

Dou trégua à tristeza
ponho alimento na mesa
carregado de beleza


Entorno o caldo da alegria
detono o estopim da poesia
na aquarela do pensamento

Deleto a descrença e reavivo
centelha da esperança
que hiberna nas geladas
páginas do mundo.


Nety Maria Heleres Carrion

Mímica - 270408

A careta do dia

entorna taça de fel
no chão doce
da imaginação


Chão escorregadio

do sentimento
consciência
com trejeitos


A careta do dia

dissolve as horas
na mímica
do tempo


Arena de encontros

festival de cores
acenos lúdicos.



 Nety Maria Heleres Carrion

Antídoto - 031007

Meu último poema brilhará
no ares e nas crespas ondas
dos mares soará feito hino

Conterá maduros elos nas liteiras
das idéias e os castelos estarão desprovidos
de caos e desenganos

Meu último poema terá devotos
que sanearão o mundo
com a poesia
que sustenta e dá arrimo

Meu último poema permanecerá
como antídoto e viverá
nos sábios corações
antes e depois de dobrarem
a esquina da sorte
sem cortes
ou entorses

A esquina do éden
onde brota o germe do amor
aquecerá e iluminará
passos lentos sedentos
de fé e de paz

Meu último poema borbulhará
nas brancas nuvens e ascenderá
com mandamentos
de carinho e cuidados à Terra
para que as gerações
permaneçam num mar
de maravilhas
até dobrarem
a esquina.

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ladeira - 031108

Subir a ladeira numa idade fascinante
da vida e ver o lado bonito
do mundo e de todos


Subir a ladeira sem cobranças
com seus ônus e bônus

Nety Maria Heleres Carrion