sexta-feira, 2 de junho de 2017

DANÇA ESPACIAL - 16012013.

Carrego nos ombros os detalhes do porvir
mesmo sem ir ou vir

Num arrojo supremo como se fosse o fim
e não o começo de uma nova era

Um novo alento sob um céu reparador
vestido das cores do meu país

E sei lá como volto ao berrante destino
que cega meus olhos e me pede para ficar
acesa nesse momento clandestino de euforia

Sabe-se lá como as coisas acontecem
e desaparecem feito mágica no vazio da alma

Gota que parte sem deixar vestígio
um nó que qualifica a vida
de puros sentimentos

Não dá trégua à matéria
envolve por inteiro presente/passado
se adona do terreiro pede para ir
pede para ficar

Não desgruda e na arena do sentimento
se despede sem dizer adeus e sem explicações
plausíveis nesse mundão cheio
de glórias e fracassos

Um depenar constante de ilusões
que se comportam com naturalidade
como se o nada fosse o tudo
e o tudo fosse tão pouco
que não coubesse
na palma da mão

Um oceano de palavras que retinem
nos compartimentos da memória e se abrem
à terra numa onda gigantesca de emoções
embalada pela maré que vai e vem
e deixa mensagem na areia

Um roçar de esperanças e gratidão
por tudo que acontece nesse labirinto
de ideias consagradoras

Aliciadoras de juras e perjuras
que se estendem até o fim dos séculos

Nessa noite alta o perdão e a sobra
caem em qualquer lugar com olhos
de quem quer ver o fruto se deslocar
da mãe natureza e voltar
para o local de origem

Uma centelha que não se apaga sem antes
aquecer o semblante rico do ser hipnotizado
pela festa que acompanha os felizardos aqui e ali
num humor contagiante e belo e descerram
a cortina do suspense inserido
na letargia do vivente

Sem mais nem menos a vida retorna ao início
à criação de tudo e não se conforma com o luto
da agonia dos participantes dessa orgia de valores

E assim se desloca para o estágio primeiro
com visão do real e do imaginário
que se precipita sobre os ombros
caídos do mundo

Perdas e danos que refletem nessa dança espacial
todo o cansaço cosmopolita

Me resta apenas conviver
com essa ilha de dor que maltrata
ou incendeia a vida que se estende até o fim
dos séculos com promessas de tudo ou nada

Nety.