domingo, 31 de março de 2013

Luz da lembrança - 31032013

Por hoje é só
e neste palco abandono tudo
que não me diz respeito

Por hoje é só
e no último ato
a máscara cai e desata choro
que jaz no abandono

Por hoje é só
mas resta uma voz
na soleira do tempo
que dá nó cego e cobre
o pensamento

Por hoje é só
e o burburinho se levanta
eterniza a emoção e viaja
com a luz da lembrança

Por hoje é só
e cada partitura
ficará no pergaminho
da vida
onde junto pedaços
de mim

Nety

sábado, 23 de março de 2013

Dança das águas - 23032013

Na dança das águas
chovem pingos de amor
sobre a Terra e deságuam
no mar infinito da imaginação

Consagração aos dons
do supremo trovão que desata
em cataratas cantantes

Elegias ao deus das águas
configurações plenas de sabedoria

Espaço das águas
onde desatam-se canhões

Na crista da onda
repetem-se a todo vapor
as premissas de fé/esperança

Virtudes expostas
na limpidez das águas
que não voltam mais

Varais da comunicação
que soam nos tímpanos
do dia e ofertam
melodias

Nety

sábado, 16 de março de 2013

Lado a lado - 10032013

Começo de História
momentos alegres ou tristes

Enredos pitorescos
cenas dramáticas do bem
ou do mal
mocinho e bandido

E tudo dá certo
no final

E casaram e foram felizes
para sempre

Assim prossegue
vida afora

Sonhos
fantasias
até que tudo entre nos eixos
e o desfecho enseje
paz e felicidade
para sempre

Assim começa e assim
termina

Sobe o pano e no palco
desfilam personagens
com dramalhões
para só fechar a cortina
quando tudo estiver
sob controle

Quando as máscaras da face
caírem e todos os véus
se dissiparem e nenhuma nuvem paire
sobre o elenco

A História partilha vidas
lado a lado

Encarna personagens
tece a teia mágica
deixa-se enrolar
pelo enredo

É preciso respirar
o mesmo ar do poema

É preciso sentir na pele
o toque mágico das ondas
paradisíacas
que envolvem a rima e a música
das palavras

Orquestra de coro e vozes
que embalam a eterna
poesia

Nety

quinta-feira, 7 de março de 2013

Jogo de palavras - 06032013

Sucesso piramidal

Aplausos
estacionados nas gavetas
acumuladas de detritos
de um tempo garboso
com cheiro de alecrim

Nas asas gigantes
pedaços de euforia
que despencam solidários
aos reclames de fantasias

Arregos soldados nos ditames
geridos numa era que se dispersa
nas redes falsas da existência

Corto o vento
que eu mesmo faço e voo
entre nuvens

Caos perpetrado
nos dilemas expostos
se apercebe num repente
e num repente se esvai
no poder das horas

E deste modo as coisas acontecem
sem previsão de chegada
ou partida

A esmo
sem futuro
nem presente

Distante e ao mesmo tempo
tão perto de mim e do outro

E não há o que temer

Investidas claras
cujo maior sentido
repousa no abrigo perene
engajado nas vias de acesso
mais simples

Transitam em meio
a toda desordem
acopladas nas noites e dias
do tempo que se afasta peregrino
com doces lamentações
como se tudo isso
fizesse parte
das linhas da vida

Adormecida
com doses maciças de felicidade
que se diluem em contato
com as belezas da criação

E nada é novo
e nada é perfeito

Tudo acontece de forma tal
que não há como evitar

Visa a conquista do irreal
somado ao bem-estar da elite
que desmorona em sequência
num ritmo acelerado

Intocáveis e massificados
grãos do saber

Crescente desabafo
pelo que é
e não foi

Pelo simples e pelo complexo

Num espaço diminuto
imagens robustas
remetem lembranças
sólidas que se abrem
ao infinito e se postam
rente ao chão do sentimento

O nada me seduz com tudo
que me dá liberdade de criar

É o tudo que me transporta
a muitos mundos

Cada qual é parte de um todo
que figura sem pressa e deixa
recado consagrado
num rótulo sofisticado
que enseja boas novas

Talentos que me fazem crescer
me dão espaços
me agitam nas horas servis
das madrugadas

Me juntam pelos caminhos
colam-se a mim e me carregam
pelos ares da inspiração

Sopro de luzes
que iluminam o chão onde piso
com aromas e cores
que despertam meus brios

Meu pensar solidário
com o mundo e tudo que nele habita

E nesse jogo de palavras
sustento meus desejos
minhas ambições de querer
sempre mais me elevar
escalar picos mais altos
da poesia que habita
o meu ser

É tarde e o amanhã
se pronuncia célere
sem timidez
sem preconceitos

Um amanhã melhor
que o ontem
florido radiante
disposto a receber
os bons fluidos

Nety