segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Caricaturas - 290108

Segredos
brinquedos
fantoches brioches
festas coradas

Imagens
mensagens
serestas modestas
domadas

Tempos dourados
massageados
driblados
nas notas
do passado

Notas da história
reveladas nas faces

Num clique centradas
paradas
borbulham mensagens
depenam aragens
sopram matizes
confetes

Confeitos dormidos
enlatados

Baús coloridos
retratos sarados
biombos engessados

Caricaturas.

Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 19 de outubro de 2008

Ópios de ilusões - 240908

Esbelto é o caminho das horas
que passa tilintando pensamentos

Burila o topo das idéias e chega
ao concerto majestoso do cosmos
embebido pelas mentes
que emanam ópios de ilusões.
Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Até a pé - 151008

Até a pé nós iremos saudar
o Gal e a Béu

Mas o certo é que nós
estaremos

Com os cinco
onde eles
estiverem.


Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Pé na estrada - 250703

De Porto Alegre a Cambará do Sul
somente natureza e céu azul

Solitária estrada que vai se mostrando
nessa caminhada 
que estamos traçando

Sobe a Serra baixa a temperatura
na beira dos penhascos continuamos
nossa a/ventura

A neblina não se cansa de brincar
com nossa visão

Nos engana com sua mudança
assim como um paredão
Ao sul nosso passado
leste oeste só natureza

Ao norte essa beleza 
vai-nos sendo acrescentada

Do tapete amarelo vamos nos afastando
na cidade pois
estamos chegando
Após breve descanso
estrada esburacada
Amanhã é novo dia
e forças não irão faltar

Café da manhã simples mas saboroso
quem disse que no interior
não pode ser gostoso

Com muita cautela
atravessamos a estrada
apenas uma ponte
nos meteu em enrascada

Com destino a Porto Alegre
regressamos dessa jornada
Mas não pára por aí
ainda teremos mais...

Pé na estrada!

Nicole Carrion Cogo

História do Livro

Em 96 aflorou-me o desejo
de reunir dados da família
e assim rápida num lampejo
recorri à sua essência


Foram várias visitas
feitas aos atuais clãs

Esmiuçando suas vidas
para encontrar seus talismãs

Pedi quase implorei
que me falassem dos ascendentes

Esbarrei escorreguei
mas levantei e enxerguei
belo horizonte

Um relicário na Cúria
milagrosamente encontrei
maravilhas sobre os ascendentes
e com isso me deslumbrei

Depois dessa graça alcançada
o jeito era correr contra o tempo
pois a sorte estava lançada

Nesta rápida caminhada
houve colaborações
às vezes um tanto acanhadas
mas geraram grandes emoções

Nety Maria Heleres Carrion


Segredos - 140708

Lanço mundos no mundo

tropeço nos astros
não me asilo


Cultivo versos e lanço

pétalas do pensamento


Lanço segredos

magias
da poesia


Imito gestos

absorvo andares
enfeitiço a natureza



Nety Maria Heleres Carrion

Vazio de ser - 151008

Para a performance abandono
meu próprio eu diante da opressão
do mundo
mudo

Aniquilo minha história e aponto
para o vazio de ser
consciência



No espaço aberto escolho
temor e tremor


Não nego nem afirmo
repouso maciço e rijo.
Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tu - 281206

Tão alta e calada
vai a noite e do pensamento
não sais

Tu
que abres os braços
mãos/colo
na calada da noite
Tu
que carregas nos ombros
o mundo e que alegras
com teu saber profundo
Tu
que penetras nos corações
Tu que és princípio e fim
és o A e o Z
És de lá e de cá.
Nety Maria Heleres Carrion

Ciranda de emoções - 310808

Na ciranda de emoções atravesso
a galeria da família Heleres Carrion
e me vejo frente a frente
com recordações
A bruma refresca minhas idéias
que desfilam na passarela
do tempo

Nos grãos da ampulheta neurônios
despencam numa careta ou carranca
com histórias de família


Emoções do dia-a-dia
através da mímica
exuberante
ou tímida

Nety Maria Heleres Carrion

Bola de cristal - 150808

Nas paredes do pensamento
escrevo histórias badalo sinos
incinero enredo e arremesso
a bola de cristal refletida
nos sonhos.

Na base do pensamento
invoco energia

No sopro do vento esfrego a magia
das badaladas do tempo

Construo esperanças
nos topos de luz

Tempero inspiração
com o mel da canção.

No aclive da vida declina o perdão
vestido de sonhos

Remendos febris

Retorcidas imagens dos castelos
de monges

                                 Nety Maria Heleres Carrion


Salmos doces - 010908

Doso palavras tristezas e alegrias
canto e ranger dos dentes


Meu tempo acabou minha era
regurgitou pensamentos
palavras e obras


1001 versos despencam e formam
palavras que desembocam
nas obras caiadas
do pensamento


Nas colinas da primavera
a noite desafivela asas
da sabedoria


Ilusões semeadas no vão
do pensamento


No metal da esperança esteira
flutua no êxtase da fantasia.

Nety Maria Heleres Carrion

Carrossel - 231206

Gira-mundo utópico carrocel
das ilusões suspenso nas emoções
glicosadas


Nesse som musical entregam-se
sonhos e delírios imortais


Gotas sensuais no aclive da vida
ritmada e casual


Na poética sensíveis mentes
de patamares elevados evolam
sons melodiosos encrespados
de rimas


Vespertina melodia poética
trouxe a noite

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Maná - 181206

Do céu despenca chuva que dá vida
ao maná e refresca alma inundada
de apelos esperançosos


Chuva que é arrimo consolador e arranca
evolutivas melodias

Chuva que ensaboa no estio
com mananciais espumantes
de ternura


Chuva andarilha maltrapilha
que picoteia ante o riso


Flor láctea piscosa de almíscares
perfumada represada nas ebúrneas
madrugadas


Flor candora vívida
buliçosa
liriosa


Lenitivo
da mente e do corpo


Flor candente esperança de porvir
desmaiada ao vento pelo alvorecer
do tempo.

Nety Maria Heleres Carrion

Sementes de poesia - 020906

Suspensa vagueia a imaginação
entre matéria espírito
e nas próprias utopias
esconde sementes de poesia

No silêncio o ato de escrever
traz à tona o desconhecido
o inesperado e os horizontes

tornam-se amplos e incontroláveis


Pintando-me
transformo minha escrita
em estilo de vida

Nas caçambas do tempo rutilam memórias
na linha crepuscular




Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 12 de outubro de 2008

Amarras da paz - 141207

Amarras da paz
presas às garupas dos desejos
imolam vestes na página tempestuosa
que agride semáforos
do oculto canto
Celeiro secreto
no aconchego da alcova rebelde e suada
nos mares gelados

Desnudo o amanhã e dedilho
acordes vazios

Espanto o tédio
no coração amarrotado

O espelho reflete ideias
na sequela do tempo

Denigre o tom
na magreza das ruas

Mazelas
que abortam aquarelas

Rodopios dos desafetos
gerados no castiçal do espanto

O sino badala
as carícias do tempo

Sais das horas refrescantes
que consomem auras
nas bordas do afogado refrão
Nety Maria Heleres Carrion

Cordéis do pensamento - 071106

Gosto do gosto de mexer
com os cordéis do pensamento
que inebriam
minha alma

Posso do poço sugar sais
que originam a poesia

Peso o peso do poema e sinto
a leveza do que escrevo

Leio e bamboleio poemas
até cairem no sossego

Saco e ensaco na memória temas
que despertam dos adormecidos dons

Endeuso deuses e orno
os mistérios do pensamento

Envolvo sarapatel com fios de ouro
da rosa branca que desperta atapetando
caminhos bailados pelo leve roçar
de plumas esvoaçantes

Auréolas encantadas sublimam
andares cautelosos à espreita
de vazias peregrinações
dos sonhos.

Apelando aos súditos da liberdade
respinga a poesia sob o véu que turva
a noite e insiste em unir
palavras pingadas

Que desabrocham e amadurecem
na suprema poesia





O desejo orvalhado na penumbra
do sono explode em cântaros perfumados
forma a poesia e parte sem rumo
pelo mundo da fantasia.

Perambulando nas sensações turbulentas
das pendulares horas tardias sinto-me junto
aos escassos trinares que ressoam
viris sob a púrpura de um visor
clandestino que invade
e glorifica tempos
virtuais cobertos
de sonhos

Esquecidos no limiar compassado
das horas gastas na vida

Guloseimas do amor vitrificadas
na senda abismal cercam
de dúbios sentimentos


Irrigam e desaguam na essência voraz
visão turbulenta do caos meditativo
que assola mundos estáticos

Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 11 de outubro de 2008

Lírio do dia - 120608

Nos píncaros do amanhecer
resvala o lírio do dia

Notas dribladas na corda
possante da vida

Sob a cúpula da hora
engastada na sombra
da aurora

Entoa canto
alado ao nó cego
da esperança

Alcança o coração
da ampulheta e dosa
as dores do parto
com a lança
afiada
do amor.



Nety Maria Heleres Carrion

Olhar - 140708

No brilho da noite
flutua o teu olhar

A passos largos põe-se a dançar
a dança na sombra
do tédio.

Nety Maria Heleres Carrion

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Colírio - 290108

Um sorriso cortou tua voz e teceu
em nós as malhas da felicidade


Crespas manobras
no colírio da aura


Espaço torcido no travesseiro da alma
orlada de salmos e boas-novas


O sonho pairou e despencou
sem maldade nos sons
da cidade


A rua caiu na amargura
das gotas suadas


No entrevero da vida ferida
sarada no caos pulsante


Licores perdidos nos decibéis
briosos da chorosa aurora


Nos temas de outrora
sou tom sou aurora.

Nety Maria Heleres Carrion

Elo nupcial - 200108

Mistérios
sublimam horas
despenteiam a mente
burilam e vertem
sons
nos bairros celestes


Bronzeiam
a noite
trocando mensagens
da aurora

Nos braços
das trevas fulgura
tempo estéril rumo
ao elo nupcial
na orgia
do tempo.

Nety Maria Heleres Carrion

Colar da Vida - 220208

O suspensório da ilusão
descola
o bordado no tempo


Em cataratas
contas do colar da vida despencam e saltitam
no peito vazio
da noite


Disparam
em busca do tênue fio
que manterá vívido o elo partido


Contas à espera
do resgate solidário para compor
novo colar


Contas desgarradas
içadas pelo ímã
da imaginação e temperadas
com o salsol
da inspiração


Recuperadas e alinhavadas
no colo
retornam sublimadas
em mananciais
de ternura.
Nety Maria Heleres Carrion

domingo, 5 de outubro de 2008

Desvario dois - 060608

O desvario me toma me soma
para prantear o coma das horas
dispersas nas gotas
do pensamento

Borbulha em cascata sideral
toma forma espectral
luz calor frio
geada
nuvem vapor


Exaure cascatas esfomeadas dilúvios
em cadeias briosos hospedeiros
dos mananciais repletos
de ondas poéticas.


Cruza na selva asfáltica a touceira
mediana troca estranhos pensares


Pesares de gordura cotidiana
que enlaça alma estrábica


Grunhido ensaboa o pranto ecoa
no vendaval da história curtida
nos tempos dispersos

Serpenteados nas trevas da ilusão

retinem revoada de oblações


Cortam auras juvenis com o fio
que borda o tapete florido
da paz


Dançam nos ares aos pares unindo
a seiva colorida que acende
a balada dos deuses


Num eco de luz enxágua

sentimento. 


Hoje eu quero a rosa mais linda
para lançar nos caminhos
do coração


Despetalar
dividir cruz


Estrada na rota harmoniosa
do amor


Quero a rosa genética
nos caminhos da sorte




A noite passou e deu as costas
ao andar poético e lançou trevas
no coração da aurora


Buscou sementes adormecidas
nas covas e burilou os brotos
da criação com as pérolas
raras da inspiração 


Perdidas na imensidão do pensamento
que reborda as bordas
da vespertina noite


O grito da noite fere os ouvidos ávidos
do dia e entreva a couraça do sono
com a mudez pálida
do canto lírico

A brisa bem de leve roça
o rosto na roça da solidão


A brisa bem de leve encaracola
os fios da esperança com o gume
do amor


A brisa bem de leve transita
nas cores do amanhã solitário


A brisa solitária esquenta
o fogo da ilusão



No chão do coração gesta o grão
da saudade com o humo caramelado
da fantasia


Preso ao cordel que imanta
as quimeras da poesia

Enrolado no lençol da madrugada
o sonho precipita-se no vazio
da ilusão e sobe a torre
angelical florida



Onde bailam fadas gnomos
duendes num só compasso


Nos cantos da aurora explode
hino à criação


Debulha frio e calor em louvor
ao cupido que apita tríduo
nos anais do amor


No calvário do tempo o pensamento
despedaça e caça o tédio que desabriga
mente e dispersa memória injetada
pelos silvedos espinhosos
da ilusão


Desencadeia a lucidez do amor
que ostenta a chama
da consciência


Imolado em panos quentes
sopra o sopro do amor embebido
nos faróis cadenciados
de ardentes canções


Nety Maria Heleres Carrion

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Gêneses da semente - 310308

Na maré da vida enceno olhar
desato meus nós viro pó
nas estrelas

Tormentas do tédio
estilhaçam e voam

Miçangas do amor nos obeliscos
dos sonhos

O espectro do amor rola
nas geleiras da solidão

Palma patina e rompe o lacre
da saudade enredada
no centro da noite

Tambores a rufar pelas ruas
dos dias
Coração peregrino escolta galeras
da opulência sobre a cálida frequência
Melodia crua no dorso arfante
da aurora

Nos destinos dos astros brindes
de luares cingidos pelas pérolas
dos cantares

Doces aves desmancham
ninhos
Tédio da figura
insegura


Atrelo no perau da solidão a música
solidária da paixão

Sulco as horas solitárias e aporto
nos castelos dos desejos vacina
que imuniza coração

Nos obeliscos da alegria tremulam
arestas do pensamento

Em basculantes manobras deslizam
no chão vermelho do coração.

Vênus alvejou a terra e teceu brilho
de primavera nos fecundos grãos

Adornos de quimeras soltas
nos vazios das covas

Aquecidos por raios prateados
pranteiam a gênese
da semente

Perambulam nas hóstias do tempo
em busca do ósculo da liberdade
no cárcere redimido
da vida.

Nety Maria Heleres Carrion

Tributo ao Poeta - 050907

O tempo mensageiro
dispara
veste caminhos

separa destinos
desfila graça

na praça


Aromatiza ruas
sopra as cordas da lira
descruza brilho andarilho
rende tributo
ao arguto poeta


O tempo mensageiro
busca o asfalto
da noite


Clarividência
aconchegante e transparente
na aurora do tempo
piscoso da sorte.


Nety Maria Heleres Carrion

1001 Versos/Teto de Rendas - 260907

1001 versos no topo anverso
dos mil e um versos

Malabarismos da memória
crepitam no fogo
das sensações e abrem-se
para a poesia
Se não estiver sonora
queixam-se ao bispo
das pautas
Mil e um versos componho nessa trilha
para a multidão que me rodeia
Nutro eras de alegoria
visto fantasia no ator que extasia
coral da alegria
Entrevejo palhoça redentora
crio coragem e ascendo voo
Liberdade criativa
Bamboleio longe dos acordes
da fama
Num piscar de chama que conclama
súditos parceiros para exaltar obreiro
que descerra alma crua
crivadas inspirações
abalam emoções

Mil e um versos trazem tons brejeiros
adocicados no mel dos insossos

A poesia temperada a gosto pelo poeta
consome óleos translúcidos pelo cristal
da têmpera e desponta
na ampulheta
A bruma cobre a poesia e hiberna
na treva da inspiração
Reascende o farol da alegoria
Num destempero cênico sabor poético desliza
no véu da criação e rebenta nos botões da mente

Em sussurros poéticos estende
braços e abraça
pensamento
poético

A praça dos desejos
enlaça ordeiros poemas
da era noturna
em busca do aconchego gustativo lírico
no ressoar lépido
das dobras do pensamento

Mil e um versos sapateiam
na ampulheta dos sonhos

Despertam os clarins dos sentimentos
colcheteiam e trançam rimas
com as cordas do coração
Mil e um versos
emergem da cova perfumada
Arabescos alegóricos

Rufam tambores
na grisalha memória
Mil e um versos
sopram na juventude carcomida
Descoradas sílabas em vozes abafadas
no vazio da solidão
Mascaradas por falso encontro
de esfareladas consoantes
Toante hora do ocaso
feito casa assombrada
Degelo das sombras
refletido
nas paradas da alma

Teto de rendas

Mil e um versos vacilam na corrida
sob um teto de rendas

Rendem sem reparo

No medíocre vacilo sem brilho incha
a massa suspensa nas proles
pelos molhes das crenças
Favos em cachos
Mil e um versos no espesso vendaval
de andar noturno desloca imagens
do tempo nas grutas
do pensamento


Nety Maria Heleres Carrion