domingo, 5 de outubro de 2008

Desvario dois - 060608

O desvario me toma me soma
para prantear o coma das horas
dispersas nas gotas
do pensamento

Borbulha em cascata sideral
toma forma espectral
luz calor frio
geada
nuvem vapor


Exaure cascatas esfomeadas dilúvios
em cadeias briosos hospedeiros
dos mananciais repletos
de ondas poéticas.


Cruza na selva asfáltica a touceira
mediana troca estranhos pensares


Pesares de gordura cotidiana
que enlaça alma estrábica


Grunhido ensaboa o pranto ecoa
no vendaval da história curtida
nos tempos dispersos

Serpenteados nas trevas da ilusão

retinem revoada de oblações


Cortam auras juvenis com o fio
que borda o tapete florido
da paz


Dançam nos ares aos pares unindo
a seiva colorida que acende
a balada dos deuses


Num eco de luz enxágua

sentimento. 


Hoje eu quero a rosa mais linda
para lançar nos caminhos
do coração


Despetalar
dividir cruz


Estrada na rota harmoniosa
do amor


Quero a rosa genética
nos caminhos da sorte




A noite passou e deu as costas
ao andar poético e lançou trevas
no coração da aurora


Buscou sementes adormecidas
nas covas e burilou os brotos
da criação com as pérolas
raras da inspiração 


Perdidas na imensidão do pensamento
que reborda as bordas
da vespertina noite


O grito da noite fere os ouvidos ávidos
do dia e entreva a couraça do sono
com a mudez pálida
do canto lírico

A brisa bem de leve roça
o rosto na roça da solidão


A brisa bem de leve encaracola
os fios da esperança com o gume
do amor


A brisa bem de leve transita
nas cores do amanhã solitário


A brisa solitária esquenta
o fogo da ilusão



No chão do coração gesta o grão
da saudade com o humo caramelado
da fantasia


Preso ao cordel que imanta
as quimeras da poesia

Enrolado no lençol da madrugada
o sonho precipita-se no vazio
da ilusão e sobe a torre
angelical florida



Onde bailam fadas gnomos
duendes num só compasso


Nos cantos da aurora explode
hino à criação


Debulha frio e calor em louvor
ao cupido que apita tríduo
nos anais do amor


No calvário do tempo o pensamento
despedaça e caça o tédio que desabriga
mente e dispersa memória injetada
pelos silvedos espinhosos
da ilusão


Desencadeia a lucidez do amor
que ostenta a chama
da consciência


Imolado em panos quentes
sopra o sopro do amor embebido
nos faróis cadenciados
de ardentes canções


Nety Maria Heleres Carrion

Um comentário:

zaira disse...

Amei,Nety.Amei.
Ao ler tuas palavras tenho a impressão de te olhar por baixo da pele,dos pensamentos, de te descascar. Ler teu texto é sair de si.
Lançaste a semente e o terreno é fértil.Parabéns.Bjkas. Zaira