quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Horas mornas - 28092011

Nos meus embalos
chacoalho o meu eu
para que ele se desloque
me acaricie e com agrado
me deseje tudo de bom
que o embalo tem

Pelos atalhos me equilibro
sem noção do perigo
sempre à espreita
para colher ofertas
de fantasias

Destino incerto e caprichoso
bebendo águas de rosas

Meu pensamento voa pelos ares
pelos continentes
pelos mares e dá sinal
no espaço redondo da liturgia
que empresta graça e beleza
me embriaga
com voos e piruetas

O meu ser se agita
nos serões da madrugada

Na sarjeta do tempo
entrego tudo que não me diz respeito

Entrego meu braço forte
guarnecido de coragem
que sobrepuja templos de liberdade
costurados em dupla face
na outra face
do meu eu

Eu
face a face
com a face do mundo

E o que me espera é a febre do pensamento
que desperdiça imagens e alicia
realidades e fantasias

Desenha milagres nas cachoeiras da vida
que se jogam de cabeça
entre aplausos e vaias

Despenteia a calma
das noites congeladas
no mistério encarnado

Doses maciças do sol da meia noite
com ternura e despojo
caem sobre a terra morna e rolam
clarinetando auroras

O mundo segue seu passo
não olha para trás nem para a frente
do poente ou do nascente

Metas que surpreendem
gregos e troianos

No lugar de canhões

harpas

nos tímpanos reluzentes da aurora

E assim me disperso nesse universo rico
onde cada estalo atrai palavras e consensos
para o som de todas as violas cantantes
num arrojo cadastrado nas mentes

E isso não é o fim do começo
de um sol que apaga e acende
no fundo de um lago fosforescente
que só diz respeito a mim
e ao mundo

E assim durmo e acordo
nesse mundo de fantasias
toldado pelo meu eu
e o eu daquele
que me jogou do precipício
e me amparou ao rés do chão

Agora fecho as palavras
para que não caiam em contradição
e viajem na contramão

O que é e o que não é
pode ser contado ou calado
ante o espetáculo da vida

E assim fecho o livro
e me livro das horas mornas
que incendeiam meu pensamento
e depois vão embora
sem nem sequer dar satisfação
de seus atos

Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ousadias - 06092011 - DG

Que penso eu nesse trajeto
onde me alicio ao cantar do tempo

Tenho as costas largas
suporto corridas amargas ou doces
nas madrugadas

Me entretenho com as palavras
que saltam ou se enlaçam
para que o mundo me conheça
e se abasteça do que penso

Só isso me chega
e me pega de surpresa
nessa hora em que destilo ousadias
na emoção de cada dia
que começa com promessa
e finda colada a uma prece

Nety Maria Heleres Carrion

Aplausos - 26092011 - ZH

Vem de ti
todo bem
que assombra
meu querer


Vem de ti
todo bem
que se instala
na mala
do tempo e viaja
na barca
do sucesso


Dispensa
comentários
faz jus
aos aplausos
que recebe
nas estações
da vida


Nety Maria Heleres Carrion

Nobreza de servir - 26092011 - DG

Deus permita que nunca
o Mercado Gasparotto saia daqui
pois é de uma grande família
que presta serviços valiosos
à comunidade
em que está inserido
Os donos são atentos aos clientes
que os procuram pessoalmente
ou por telefone
para solicitar produtos
estes são vendidos a preços módicos
a família sabe como e está sempre
exercendo a nobreza
de bem servir.


Nety Maria Heleres Carrion

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sensatez - 21092011

A luz que alumia
minha vida
pede todo o dia
que eu decida em seguir

ou parar
ou retornar

para um tempo sem volta
que destrava
o meu caminho

Panorama
que repudia a sensatez
apoiada nas palavras

Nety Maria Heleres Carrion

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Reflexo - 13092011

Réstia de esperança
perambula por entre os escuros e claros
da memória

Deita-se ao sol
de todas as manhãs

É a última que morre
cresce
vive e transita
no dorso da alma
com previsões do tudo
ou do nada

Esperança
que aborta a descrença e aviva
a chama da fé

A pena que tateia sombras e luzes
descobre-se no reflexo das letras
e cobre as reticências da palavra

A espera é longa
chega e se apega aos andares
erigidos pelo meu pensar
que se dobra às carícias
do dia e da noite

Devolve ao mundo a doçura da vida
na mesma moeda

A noite desaparece na orla
do pensamento e dá lugar à realidade
embebida nos extratos do dia

Alvejo meus pensamentos
nos raios incandescentes
do sol do meio dia
que reflete tons e sons
do verão

Nety Maria Heleres Carrion

sábado, 10 de setembro de 2011

Verdades ou mentiras - 09092011

Vem de ti todo bem
que assombra meu querer

Vem de ti todo bem
que se instala na mala do tempo e viaja
na barca do sucesso

Dispensa comentários
faz jus aos aplausos que recebe
nas estações da vida

Falas e gestos recebem medalhas
condecoradas nas batalhas do bem e do mal

E assim

A jornada sem sal ganha tempero
ditado pelo preciso tato do autor
nesse enredo narciso

Parei no tempo

Para acolher aumento generoso
da linguagem erudita

E o que fica

É castelo de areia
cujas sílabas desmoronam
no roteiro da poesia

Verdades ou mentiras
sugadas pelas gotas da memória

Flutuantes poções mágicas
que despem pesadelos e se vestem de sonhos

Flerte com as rimas
num enlace
poético

Afofo meus dias
com a leveza da poesia
que rola colorida ou em preto e branco

Nety Maria Heleres Carrion

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Emendas - 05092011

Uma pedra só não chega
para alicerçar o meu viver
é palha que escorrega
dentro de mim

Cria limo nas veredas
deslustra o cotidiano
é dureza
é mó que rebenta
nos cotovelos da sorte

Miragem que ultrapassa
o mistério da linguagem

Reflexão amparada
na sabedoria e no misticismo

Rola de aldeia em aldeia
serpenteia andares da vida e chega
à solidez almejada
nos veios da fé

Esperança crescida
nos arrabaldes do pensamento

Corto tudo que não tem conteúdo
exorto planos centrados
no mundo das ideias

Me prostro diante do bem e do mal
desloco a seiva do mais colorido
espalho pela existência

As pedras me acompanham
nos momentos de euforia e de pesar
me ajudam a vencer medos
opressões
nesse mundo concreto abstrato
onde dou voltas e mais voltas
para não tropeçar
em suas agudezas

Elas me trazem a reflexão
de que nem tudo
são flores
e que dores e alegrias
caminham juntas
feito avesso e direito

Detalhes que posicionam
o meu eu nas escolhas

Coroam meu viver
com louros ganhos
nos repentes do pensamento

A hora é agora e a história
nem começou

A trajetória está por vir e ser passada
em pratos limpos o decidir
que bóia nas eras
esquecidas nos caminhos

A hora é agora e me lanço
sem demora
num mar de ilusões
que encrespa meu ser

Peleio os tempos idos
com vistas no depois
para que o agora me encontre receptiva
às linguagens das promessas
de consolo
de porvir

A teimosia
me conduz à esperança
mesmo que tardia

Pede porto seguro
para ancorar meu eu
e tudo que posso dar e receber

Quedo-me
diante Daquele
que me ampara
pelos caminhos difíceis

Com minhas alegrias se alegra
consola-me nas tristezas
dirige meus passos nos trilhos
da sabedoria

Aquele
que a meu lado caminha

O sopro da manhã
embeleza minha mente
com retratos sarados da natureza

Reaviva toda a beleza
contida nos contos
principescos
dantescos
pitorescos

Aventuras
romances
fábulas condecoradas
balançam a mente

Recolho metas
nas figuras de linguagem
para soltá-las aos poucos
nas emendas literárias
que conduzem suco poético
nos selos aristocráticos
da poesia

Nety Maria Heleres Carrion