segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Emendas - 05092011

Uma pedra só não chega
para alicerçar o meu viver
é palha que escorrega
dentro de mim

Cria limo nas veredas
deslustra o cotidiano
é dureza
é mó que rebenta
nos cotovelos da sorte

Miragem que ultrapassa
o mistério da linguagem

Reflexão amparada
na sabedoria e no misticismo

Rola de aldeia em aldeia
serpenteia andares da vida e chega
à solidez almejada
nos veios da fé

Esperança crescida
nos arrabaldes do pensamento

Corto tudo que não tem conteúdo
exorto planos centrados
no mundo das ideias

Me prostro diante do bem e do mal
desloco a seiva do mais colorido
espalho pela existência

As pedras me acompanham
nos momentos de euforia e de pesar
me ajudam a vencer medos
opressões
nesse mundo concreto abstrato
onde dou voltas e mais voltas
para não tropeçar
em suas agudezas

Elas me trazem a reflexão
de que nem tudo
são flores
e que dores e alegrias
caminham juntas
feito avesso e direito

Detalhes que posicionam
o meu eu nas escolhas

Coroam meu viver
com louros ganhos
nos repentes do pensamento

A hora é agora e a história
nem começou

A trajetória está por vir e ser passada
em pratos limpos o decidir
que bóia nas eras
esquecidas nos caminhos

A hora é agora e me lanço
sem demora
num mar de ilusões
que encrespa meu ser

Peleio os tempos idos
com vistas no depois
para que o agora me encontre receptiva
às linguagens das promessas
de consolo
de porvir

A teimosia
me conduz à esperança
mesmo que tardia

Pede porto seguro
para ancorar meu eu
e tudo que posso dar e receber

Quedo-me
diante Daquele
que me ampara
pelos caminhos difíceis

Com minhas alegrias se alegra
consola-me nas tristezas
dirige meus passos nos trilhos
da sabedoria

Aquele
que a meu lado caminha

O sopro da manhã
embeleza minha mente
com retratos sarados da natureza

Reaviva toda a beleza
contida nos contos
principescos
dantescos
pitorescos

Aventuras
romances
fábulas condecoradas
balançam a mente

Recolho metas
nas figuras de linguagem
para soltá-las aos poucos
nas emendas literárias
que conduzem suco poético
nos selos aristocráticos
da poesia

Nety Maria Heleres Carrion

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