terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Desconhecido - 19012010

De onde vem o pensamento?

O pensamento vem
da insalubridade do olhar

Que mastiga venenos
com menos
ou mais sais ou virá

Das tempestuosas acústicas
que rompem os tímpanos
da memória e galopam
rumo ao desconhecido
que habita ar e terra

O pensamento atordoa
a imaginação e se debruça
num voo infinito

Preenche o vácuo da inspiração
com ondas sonoras da poesia

Que hiberna nas cavernas e flutua
ao sol e ao vento na ciranda
das rimas

Busca o atol das emoções e dá
alento mágico aos poemas.

A busca permanente pelos sobreviventes
da fé embala o coração do mundo

Alteio a voz e cavoco a rocha celeste
pisando nas florestas virgens
da imaginação


Desço os veios subterrâneos do pensamento
retidos no pisca pisca das horas que semeiam
os frutos apocalípticos das rimas
patenteadas nos poemas

E nesse acordo soberbo o mundo acorda
coroado pelos selos aristocráticos
da poesia

Amoldo as sílabas do verbo e construo
os alicerces que dão alvura
aos desejos da criação

Invisto nas pérolas da criação num misto
de prazer desnudado na hora eterna
da poesia

Renovo as células da imaginação
com imagens perenes do cotidiano

O sopro de luz mascarada na sombra
seduz visitante

Creio no ser maior creio
em mim e no mundo

Creio nas horas do tempo que espetam
o pensamento e despejam sabedoria
nos credos da criação


Desentravo palavras frases e travo batalha
rumo à calha da poesia onde rodopiam
sem destino até encontrar senso
mágico que as fortalece

As letras em desatino caem nas valas
do destino se desdobram e se agrupam
para formar o tino da poesia

Em liberdade amadurecem e retornam
com rimas nupciais em lua de mel
com as rimas enroladas
no carretel da poesia

Escolho o caminho mais curto para a felicidade
que se arrasta nos cantos da casa e com seu bastão
toca o teto do mundo

Escolho rosas para enfeitar os caminhos
por onde passo

Faço de mim um calvário de lamentações
criado num oceano de emoções

Varro o chão da maldade para fora
da felicidade que anodoa os picos
mais altos do coração

Sou a gota da felicidade que desliza de mansinho
sobre os novos tempos à procura de um ninho
para chocar todas as verdades e sacudir
os limites da redenção que enlaça
os viveiros ordeiros do falido
retrato da felicidade

Procuro no escuro o porto seguro
para ancorar meus desejos

Resguardo a doçura dos tempos maduros
que cruzam os ares e recuso ofertas falsas
de felicidade cujo teor emprega
banalidades proferidas
em discursos

Durmo de costas para os eventos que golpeiam
os vitalícios desejos junto aos amistosos corações
centrados nos campos reais da felicidade
que habita a mansão do saber

Sou isca da verdade nos quatro cantos
do mundo

Na pesca cuidadosa e vazia a maresia
da vida retalha sem antecipar saída
sem fugir da raia

Sou aio de tudo

Saio para fora do meu eixo e consagro os dons
para uma viagem pelo mundo da solidariedade
espargindo sons de felicidade
pelos caminhos de espinhos

Enquanto o mundo gira gira a cabeça em sintonia
com o universo das emoções emparedando
os corações nas vinhas da caridade

Discursos desprovidos de conteúdos
céus e terras conselheiros
na hora incerta

Passam perto e atropelam os mitos
da descrença com o bastão
da coragem

Lidero a turma
do faz tudo

Emprego os dons do mundo para colher
frutos condecorados pela mágica
das idades

Expulso a gula dos desejos burocráticos
de rituais macabros

A noite geme nos subúrbios
e nos castelos

Inunda o bem e o mal em sintonia
com a razão que cobre
desvios e acertos

A poeira do sentimento levanta e toca o sino
de recolher em todos os rincões
amaciando rochas
nas constelações

Nety Maria Heleres Carrion

Um comentário:

Angélica disse...

Mãe,
Li teus poemas até "Desconhecido". São deliciosos de ler. Fico impressionada com a facilidade que tens para escrevê-los, com a qualidade que demonstras. Muito lindo! Bjs. da tua admiradora não secreta,
Angélica