terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Som dos cantares - 07032010

O facho de luz conduz até onde enxerga
o saber e controla a sabedoria
dos tempos amparada
nos dogmas divinos

O peito soluça num pranto místico
sobre espadas que se cruzam
no conforto e na hora descola
menos de três passos
no compromisso
que adia

Teu destino é saber para onde vai
percebendo a carícia das ruas


Me destaco na obra consumida
que é varrida pelos cantos
do universo

Sou pastora de sons verdejantes e me inclino
no espelho das águas para rever
a careta do dia que balbucia
mensagem de amor e de fé

Descerro a candura do olhar no asfalto
orvalhado do tempo que mergulha
nas sombras do esquecimento
sob um palco crivado
de emoções


Não se sabe
quanto dói a ilusão
marcada nas páginas
do coração


Recomponho a festa e releio
nas visões do ocaso
qual vassalo
com as luzes dos deserdados
nos canteiros
da saudade

Ator encharcado na viola das artes
esperança recortada no metal
das madrugadas

Viola que despeja cantos liriosos
nas viagens e cantarola
fantasias nas calçadas

Perco os sons dos cantares
beijo o céu
beijo a terra
tracejados nos mares
da ilusão

Vejo o nada e nada vejo
sou pequeno na escuridão
que me cega

Na correria desse mundo atraio tudo
que se passa a meu lado e semeio
a nata que sobra e no gozo
da lembrança me pranteio
com as cores da fé
e do amor


Me aposso das verdades extraviadas
nas mentes saturadas que desprendem
os sais da liberdade pela pele
descorada nas vigílias
sedentas de paz

Entro na festa e danço
o sapateado das horas


Revivo as glórias passadas
com languidez e demora

Na estréia me busco e me perco
dos horizontes centrados
nos caminhos de rosas
ou espinhos

Me acordo e me sacudo para retirar
a mordomia da pele enxaguada
pelos anos

Guardo as rosas ou espinhos
que acumulei no caminho
apreendidos no erário
do tempo


O susto me assusta quando a surpresa
é gratuita

O susto me assusta e soma as falhas
do tempo temperadas nas rotas
adiadas pela tempestuosa
história dos dias isolados
na correria
das horas


Entro na festa e danço
o sapateado
das horas

Não sei se durmo ou acordo
com as delícias
do agora

Sei que o pouco esticado
não atinge
nem a metade
dos desejos
de cumprir este mandato
pelos caminhos serpenteados
da vida


Nety Maria Heleres Carrion

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