quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fantasias - 021108

Quase no final ralo
sonhos e cotovelos

Sopro o vento pra dentro
do corpo

Dou corda ao tempo
pra soar direito


Céu de novembro esteira do mar
sem eira nem beira

Desfio sonho cantarolo
a última canção

Sacudo o compasso
dos dias

Belisco o caminho e acordo
sem eira nem beira
sem flor pra cheirar
na beira do mar


No canto da aurora dor
semeia o pacto da vida

Espaço sinistro corcoveia
dispara no registro dos dias

Mescla sabedoria encantos
ave-marias
sacia fantasias

Dilui o canto da seara
encanta rouxinol
procura sol e o pó das estrelas
que reluz imerso
no esgoto do tempo

Na têmpera do pensamento encosta
ouvido no baú do tempo

Roça a lupa no vento e coça
a pele do porvir

O espanto da madrugada assola
as ruas da solidão


Pensando
em ti e na minha vida
mergulho na fresta
do pensamento

Me aproprio
dos sonhos e fantasias
conjugados ao sabor do vento
num revezar de pálpebras

Rasgo quimeras
nas eras de êxtase contidas
no coração da saudade


Um soluço cortou o pranto e no quebranto
do tempo estira pensamento

Mergulho no poço da recordação onde emerge
coração tatuado de sonhos coloridos
pela emoção cristalizada
na arca das idéias

Regurgitam ancestrais enxertos
guturais


Vocês não sabem o que estão perdendo
quando o sim e também o não
permeiam juntos pode ser
muito o pouco e pouco
o muito

No andar do coche que conduz afirmativas
e negações adiciono subtraio
divido mas também
multiplico os dons
inseridos no sim
e no não


Mistérios da madrugada
na vanguarda dos anos atiça farol
da ilusão

É sorte é corte
é esperança dos dias
no apuro das horas

É respaldo
do caldo semeado ao vento
tempestuoso do tempo

É a última gota
suada
molhada
nas lágrimas do pensamento

É a última gota diluída
no tempero crisálido
do coração


O balofo rosnar das emoções despe
a luxúria das horas e semeia
os grãos da saudade no humo
corado do tempo

Rejeita cisco disforme no deleite
mapeado do sono rubro
da pernoitada aurora
que cavalga no pelo
cru do mundo

O sal do mal pernoita na viela
da solidão e jaz nas ondas
sonoras da imaginação
plagiada no teto lírico
da inspiração

Visto meu tempo de recordação e descasco
arestas puídas com o gume colorido
do sentimento

Sento os olhos no balanço sonoro
do sono e dedilho harpa gasosa
com as cordas elásticas
da imaginação


A febre da orgia destila aroma
tépido por entre naftalinas
estéreis

Desafoga credos arremedos
sem medos e contempla
o milagre da vida

A febre da orgia galopa no lombo
das horas e laça ampulheta
com as cordas do arco-íris

Sachês coloridos na passarela
orlada de sonhos.


Nety Maria Heleres Carrion

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