Eu tenho tanto
que lhe falar
mas as palavras se perdem
no labirinto
que circunda o meu viver
E nesse meio tempo
junto pedaços
de mim
Ideias tortas
que se dizem minhas amigas
ou se rebelam contra mim
Que me desejam coisas
que refuto dispensáveis por se mostrarem
sem o sal da sabedoria
ou tônus da alegria
nesse momento em que os opostos
se atraem e passam
de uma face para outra
sem permissão
como se fossem donos
da situação
e eu um ser meramente
ilustrativo
Que não vê
não sabe ou não escreve
Desligado do exterior
por centelhas de ideias que vestem
os meus dias
Togas parasitas
do meu ser
que transitam soberbas
num aquário de ilusões
onde mergulho à cata de respostas
Volto à tona
provida de sons alentadores
Velejo no barco
do pensamento onde retiro
transpiração
Sigo a rota
apontada pelo destino da poesia
O meu envoltório
perdeu o elã da partida desses dons
que temperam o viver
Parei
olhei
mas não acreditei
que tudo que vivi cresceu
de dentro para fora
e de fora
para dentro
e só me acrescentou
E tudo é majestoso
e tudo
é imperdível
e tudo
não tem preço
Rola de graça e com graça
enlaça o meu ser
que recebe essas dádivas
encadernadas
que dormem na minha pele poética
Não tem outra
é essa dica mesmo
que conserva e orna os tesouros
Que brilham ao meu redor
e piscam matizes
de todas as cores e sons
para pintar
aquarelas de poesias
nas paredes caiadas
de emoções
Não tem outra e essa
precisa ser lapidada com o brilho
da inspiração
Cintila
em todas as direções
com mensagens de polo a polo
num leva e traz
para as gentes
minhas
Nos vãos do amanhecer
natureza em festa
Delírios cósmicos
da eterna
poesia
Nety