A festa apenas começou e já bato palmas
nesse cenário coberto pelo ouro da poesia
que massageia ator e platéia
Não sei se durmo
ou acordo com as delícias do agora
Sei que o pouco esticado
não atinge nem a metade dos desejos
de cumprir este mandato
pelos caminhos serpenteados da vida
Sou da vida o serviçal que cria e é criado
para doar sua alma
Sou serviçal sem talismãs para ofertar
sem segredos para ocultar
sem receios ou medos
Sou serviçal e me enredo nos poemas
para chorar ou cantar
Sou serviçal da poesia
sou aio sou lacaio
sou
Decido saber quem eu sou
quando passo a mão nos poemas
Visto carapuça
visto que aqui pulsa
um coração crivado de emoções
Sou pastora de sons verdejantes e me inclino
no espelho das águas para reverter
a careta do dia que balbucia
mensagens de amor e de fé
Agito as massas com loções poéticas
que desfilam em cartões postais
Penetro no portal
dos desejos e saboreio o canto do pensamento
Obedeço o ritmo
da canção e zelo pelo crivo do belo
Junto cenas no pico da aurora e faço
do mundo meu palco meu tudo
Crio personagens mudos e danço a valsa
da consolação sobre o chão
salpicado de estrelas
Expostos ao sol das rimas
encharco meus olhos no suor que aplaude
o nirvana do pensamento
Evito a desordem
das letras e sigo as linhas das rimas
estalando o chicote da inspiração
Rodo o mundo com a pena
que saboreia tudo e estudo o mundo
com tudo que ele pode dar e receber
Não revelo
o neurônio que habita o meu erário
Estão secretos e só serão descobertos
quando sílaba e rima escaparem do meu esconderijo
Não penso na consequência
qualquer que seja o desfecho
Fecho o livro tremido com a fala
que o absorve gole após gole
Engulo os farelos da fala e concluo
obra por obra
Passo fantasia chorosa
Sou a gota de felicidade que desliza
de mansinho sobre os novos tempos
à procura de um ninho
para chocar todas as verdades
Exponho o meu eu ao mundo
sem preconceitos
O meu eu tem horizontes centrados
no lirismo da poesia
Capta melodias contrastes e mescla
a sabedoria do mundo
O meu eu que é o eu do mundo
eu e o mundo
Quero agora fechar a hora
para que não deslize nas águas
do esquecimento e transforme a história
num conto dantesco
Quero a hora agora aos olhos
do mundo com enredos e sonhos pitorescos
E nesse acordo soberbo o mundo acorda
coroado pelos selos aristocráticos
da poesia
Nety Maria Heleres Carrion
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