segunda-feira, 7 de junho de 2010

PRESENÇA AGEI - 2001 - 2010

'Ela veio "se achegando" de Triunfo, de São Jerônimo, de Porto Alegre com voz poética na alma e muita vontade de qualificar essa voz para ainda mais belos cantos. Foi secretária, na Diretoria passada desta Entidade Cultural, hoje é Presença, comemorando a primeira década da AGEI'.

A festa apenas começou e já bato palmas
nesse cenário coberto pelo ouro da poesia
que massageia ator e platéia

Não sei se durmo
ou acordo com as delícias do agora

Sei que o pouco esticado
não atinge nem a metade dos desejos
de cumprir este mandato
pelos caminhos serpenteados da vida

Sou da vida o serviçal que cria e é criado
para doar sua alma

Sou serviçal sem talismãs para ofertar
sem segredos para ocultar
sem receios ou medos

Sou serviçal e me enredo nos poemas
para chorar ou cantar

Sou serviçal da poesia
sou aio sou lacaio
sou

Decido saber quem eu sou
quando passo a mão nos poemas

Visto carapuça
visto que aqui pulsa
um coração crivado de emoções

Sou pastora de sons verdejantes e me inclino
no espelho das águas para reverter
a careta do dia que balbucia
mensagens de amor e de fé

Agito as massas com loções poéticas
que desfilam em cartões postais

Penetro no portal
dos desejos e saboreio o canto do pensamento

Obedeço o ritmo
da canção e zelo pelo crivo do belo

Junto cenas no pico da aurora e faço
do mundo meu palco meu tudo

Crio personagens mudos e danço a valsa
da consolação sobre o chão
salpicado de estrelas

Expostos ao sol das rimas
encharco meus olhos no suor que aplaude
o nirvana do pensamento

Evito a desordem
das letras e sigo as linhas das rimas
estalando o chicote da inspiração

Rodo o mundo com a pena
que saboreia tudo e estudo o mundo
com tudo que ele pode dar e receber

Não revelo
o neurônio que habita o meu erário

Estão secretos e só serão descobertos
quando sílaba e rima escaparem do meu esconderijo

Não penso na consequência
qualquer que seja o desfecho

Fecho o livro tremido com a fala
que o absorve gole após gole

Engulo os farelos da fala e concluo
obra por obra

Passo fantasia chorosa

Sou a gota de felicidade que desliza
de mansinho sobre os novos tempos
à procura de um ninho
para chocar todas as verdades

Exponho o meu eu ao mundo
sem preconceitos

O meu eu tem horizontes centrados
no lirismo da poesia

Capta melodias contrastes e mescla
a sabedoria do mundo

O meu eu que é o eu do mundo
eu e o mundo

Quero agora fechar a hora
para que não deslize nas águas
do esquecimento e transforme a história
num conto dantesco

Quero a hora agora aos olhos
do mundo com enredos e sonhos pitorescos

E nesse acordo soberbo o mundo acorda
coroado pelos selos aristocráticos
da poesia

Nety Maria Heleres Carrion

Nenhum comentário: