A aurora adoça céu e terra na entrada
da primavera da vida
Enquadra céu e chão
sem divisão
bastarda
Bisbilhota dia e noite
os dons da paixão
Alimenta a hora criada num tempo
passageiro e funde pão e palavra
passageiro e funde pão e palavra
O facho de luz conduz até onde enxerga
o saber e controla a sabedoria dos tempos
amparada nos dogmas divinos
O peito soluça num preito místico sobre espadas
que se cruzam no conforto e na hora descola
menos de três passos de vida
no compromisso que adia
Teu destino é saber para onde vai
percebendo a carícia das ruas
Me destaco na hora consumida
que é varrida pelos cantos
do universo
Sou pastora de sons verdejantes e me inclino
no espelho das águas para rever a careta
do dia que balbucia mensagem
de amor e de fé
Descerro a candura do olhar no asfalto
orvalhado do tempo que mergulha
na sombra do esquecimento
sob um palco crivado
de emoções
Não se sabe quanto doi a ilusão
marcada nas páginas do coração
Perco o som dos cantares
beijo o céu beijo a terra
tracejados nos mares
da ilusão
Beijo tudo e nada vejo
sou pequena na escuridão
que me cega
Na correria clandestina desse mundo atraio
tudo que passa a meu lado e semeio a nata
que sobra e no gozo da lembrança
me pranteio com as cores
da fé e do amor
Me aposso das verdades extraviadas nas mentes
saturadas que desprendem os sais da liberdade
pela pele descorada nas vigílias
sedentas de paz
Entro na festa e danço
o sapateado das horas
Não sei se durmo ou acordo
com as delícias do agora
Revivo as glórias passadas
com languidez e demora
Na estréia me busco e me perco
dos horizontes centrados
nos caminhos de rosas
ou espinhos
Me acordo e me sacudo para retirar
a mordomia da pele enxaguada
pelos anos
Guardo as rosas e os espinhos
que acumulei no caminho
apreendidos no erário
do tempo
O susto me assusta
quando a surpresa
é gratuita
O susto me assusta e soma as falhas
do tempo temperadas nas rotas adiadas
pela tempestuosa história dos dias
isolados na correria
das horas
Recomponho a festa e releio as visões
do ocaso qual vassalo com as luzes
dos deserdados nos canteiros
da saudade
Ator encharcado na viola das artes
esperança recortada no metal
das madrugadas
Viola que despeja cantos liriosos
nas viagens e cantarola fantasias
nas calçadas
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