A festa apenas começou e já bato palmas
como se no final estivesse
Para alegria de um encontro não existe
princípio nem fim
Um decorre
do outro
A festa continua e brinda os convidados
do menor ao maior escalão
A festa se estende até o fim
dos séculos e consome
risos e gargalhadas
O cenário insiste nas cenas
lúdicas e mantém acesa
a chama da fantasia
As luzes pernoitam na festa massageiam
os atores e provocam cócegas no linguajar
cômico que envolve ator e platéia
O jejum poético envelhece
as rimas e mumifica
o poema
A miragem da voz reflete o mistério e camufla
o pensamento mastigado
nos reflexos da vida
A metade do caminho seduz peregrino
a seguir a luz que leva ao seu destino
Soltam-se as amarras das lembranças e as próximas
pegadas mostrarão o amanhã de braço dado
com o ontem
A passagem estreita da liberdade ecoa de leve
nos portões da eternidade regada
pelos fluidos embalados
na temperança
A lua espreita o meu caminho e dirige
meus passos rumo aos cordões
das calçadas
Sigo as rotas traçadas
na imaginação colorida
dos dias
Converso com a vida e retiro guarida
do tronco robusto da sabedoria
Truques para viver
a mágica do mundo
Obedeço os ditames da consciência e condeno
a genética dolorida dos meus ais
nos relicários amorosos
abertos à vida
Não sei o que faço
ou se faço
Passo horas conversando com o meu eu
que investiga os eus no balanço
das horas
Domestico o eu
do meu ser
Me vejo fora de mim e retorno
mais rica
Voo e regresso ao ninho com as asas
repletas de encantos e canto o canto
dos deuses que habitam
o mundo lírico
Na caixa dos sonhos deposito fantasias
esperanças riquezas espirituais
segredos e crenças.
Nety Maria Heleres Carrion
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