quarta-feira, 17 de março de 2010

Caderno da vida - 17032010

No caderno da vida encontrei fórmulas
mágicas para soprar palavras
de consolo e gratidão

Busquei alívio aos males do mundo
me extraviei e me encontrei


No caderno da vida fiz o que podia
e o que não podia fazer

Tropecei escorreguei patinei e me vi
em altos e baixos

Mumifiquei meus sentidos para não sentir
o peso das horas nas veredas da vida

Doei meu espírito poético
doei pensamentos
palavras e obras

Juntei pedaços de vida e tracei
meus passos na torre
ou no cadafalso

No caderno da vida plantei sementes
do verbo e adubei com rimas
perfumadas
dos versos


Criei mundos reais ou imaginários
ensaiei choros e risos

Pintei pierrôs e colombinas
com as cores da paixão


O que eu quero agora é fechar a hora
para que não deslize nas águas
do esquecimento e transforme
a história num conto dantesco
aos olhos do mundo

Quero uma hora aconchegante
com enredos pitorescos


Aqui nesse canto entoo minha voz
num sussurro algemado nos elos
do pensamento

Ensaio passos à procura de espaço
e atravesso cenário opaco
com a luz da poesia

Espaço redondo girando no palco
da fantasia ginga solitário preso
no recital melódico
da poesia

Durmo e acordo centrado nas estradas
da alma onde transita a poesia
com seu brilho próprio


As pedras do meu caminho dão estilo
aos meus passos ora falsos
ora suspensos

As pedras dirigem o meu destino
ora lento ou em disparada
para encontrar o meu
espaço

As pedras seguram o meu olhar
seguram o meu caminhar
seguram o meu destino

Pulamos juntas
 damos cambalhotas
até que algo
nos segure.


Nety Maria Heleres Carrion

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