O coro flutua
feito nua pérola
na rua
Gota a gota atrofia o leite
que escorre das mãos e cicatriza
feridas do tempo com o intento
de pernoitar no espaço
No leme da vida acorda e dorme
embalado pelo tempo
ao lado desta vida que leva
nesta ida sem volta
Gira nos giros da porta
nas desovas de grilo brinca
nas desovas de grilo brinca
com o estigma de ferrolho
justiceiro
Num céu em fogaréu
aniquila menestrel
na harpa celeste
Coro angelical onde encenam-se
comédias sem remédios
Filhas hilárias da turba
em cuba encubada
Sobre o palco espectral
figura mítica
em passagem sideral
Paradoxal tema cósmico
fantástico
que eleva o astral
Num repente estratégico
gota de marfim seduz
gota de marfim seduz
viajante canoro
Traça caminhos
cruza espinhos
no conforto paradisíaco
Tramas cadentes nas rotas
truncadas sem ritmo
truncadas sem ritmo
Içadas belezas sem mel
Estertor sem labéu
na harpa do tempo.
Passos lentos emparedam rimas
aquecem mortais e no compasso
das horas amortece
a morte do dia
Enrosca a rosca de papel e parte
num véu de nuvens enrabichada
no rabo de foguete
Sons cores e palavras vestem
versos estrofes com frases
pomposas de poemas
Rego fantasias régias
teço peregrinas
poesias
no tear das ilusões
no tear das ilusões
Miro palácio encantado
embebido de luares que gotejam
no cordel do tempo
no cordel do tempo
Mina a mina
num mar de acordes
em cima da sina
da criatura
Sol de rima
solta clave e serpenteia
andares multicores
Sons
em noites de cristal
Andarilho em busca
do abrigo que me sustente e guarde
na trilha
Peregrino
pelos montes desmontado
busco seio amigo que me liberte
do perigo.
Mas enquanto houver voz dou jeito
de sugar do peito amarelecidos pensamentos
que se juntam a devaneios perdidos
na imensidão dos tomos
cerebrais líricos
Sacudo e balanço emoções silábicas
da memória
Retomo reparto enceno
versos do cenário
Copio brilho deliro
poemas
Com passos lentos anoitece
a guerra e alvorece a paz.
Amo tanto essa terra adorada
que se um dia meu tempo acabar
quero levar dessa estrada esse chão
banhado de seres que o futuro reluz e atinge
com olho maduro dos idos e vindos
Conservo o fel da esperança
no topo da alegria
Perfumes florais na hora
da Ave-Maria
E na ordem do dia descem querubins
para saudar a estrela da paz.
Entre flores falas rimas
sons cantos melodias
saúdo e cubro com manto
olhares sequiosos de paz
Brilho talento ordeiro
som da pátria gentil hospitaleira
em cima do que digo e faço
traço abraço
assino e registro algo pensado
decorado em desatino
nessa gentil e hospitaleira
terra.
Dançam águas nos gelados ares
da inspiração
Solta desfia e solta o lacre
das emoções
Crepita e abre a poesia
com madeixas sonoras
Sou pomba na calçada
cisco migalhas de poesias
Nutro eras de alegorias
tiro o chapéu dou graças
sou menestrel da alegria
Essa trilha dedico às multidões
que dobram a esquina
Acendo velas do pensamento
reacendo perfumes
Nesse entrevero entrevejo palhoça
bamboleio acordes da fama
súditos parceiros exaltam
obreiro de alma crua
na tempestuosa rua.
Nety Maria Heleres Carrion
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