terça-feira, 30 de setembro de 2008

Eterno canto - 050507

Respingam gotas da memória no lenço
da saudade que seca o pranto nebuloso
da corada noite humana


Gotas douradas refletidas
no espelho das eternas horas


Refluxo de um vendaval amainado
no ciclo que rodeia a sauna poética


Sopro iluminado pela garoa perfumada
malha e refresca sono místico


O gozo das horas perdidas de sono
ultrapassa as fronteiras nas trevas
da memória seivando grãos
latentes com o germe
da felicidade
e da alegria


Pensamento belisca a memória
fuxicada pelo colorido
das notas musicais
Dispersos nas águas límpidas
resíduos românticos líricos
poéticos aquecem letras
flutuantes

O crepúsculo assomou
na catódica noite
dos sonhos

Brilhantes reascendem
com ramas e auras juvenis

Pensamentos espargem
bênçãos ao mundo

O sopro da mente tempera e borda
a estrada dispersa num tempo
restrito à clausura poética

Suaves linhas marcam
andar cadenciado

Coração amarrotado busca pegadas
dispersas na areia da vida

Ritos e mitos bucólicos enlaçam
a poesia transparente
num abraço lirical
Alvas asas planam no ar à procura
do néctar misterioso.


Quem dera que as palavras ora soltas
voem pelos ares até encontrar
um mundo tépido capaz de acabar
com a incerteza
do amor e da paz
neste teto

Quem dera que de mim brotassem
brotassem mil desejos
de felicidade e se soltassem ao vento
as habilidades dessa nave
harmônica
em busca do elo que sela
o pacto de amor
à natureza
da grande mãe Terra.


Na calçada da vida desfila aquele que busca o sol
para aquecer e iluminar a preguiçosa passarela
noturna e subir nos palcos encantados
místicos onde recebe aplausos
da platéia ruidosa
engomada
lustrosa
plebéia.

O tempo projeta silhueta e dispersa
vida no mudo mundo
Descança sentimentos
que adornam a mente

Mascara os dias atrelado ao pulsar
dos líricos pensamentos


O pêndulo da nau poética
carrega mantimentos líricos sem cessar
prestes a aportar nos remos da sensibilidade

Retorna em desvario
ao belicoso porto silábico

No cais da labiríntica fama assalta
mente cremada de idéias

Sugadora bruma prestes a esfumaçar
as etéreas paredes pensantes
do eterno canto.


Nas folhas de outono aterrisso
minha nave
repouso versos
sopro as cordas da lira
tropeço
perco o rumo e os sentidos

Nas folhas de outono
volvo os sentidos
reparo o tom
que embala poeta

Atravesso muros e chego
aos lares maduro.

Nety Maria Heleres Carrion

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