Na calçada da fama
rasgam-se véus
mobilizam-se
céus e terras
nessas eras de mitos e fantasias
toldadas pelo ego
que prega dissonância
entre o verbo e a consciência
O pano cai e transparece
a nudez dos tempos
que atropela sentimentos
Na calçada da fama
damas e cavalheiros
peregrinos com escolta
distraídos na peleia
que lhes dá arrimo e os apruma
no caminho da arte
O bastão
de mão em mão
muda a rotina
aqui
ou na china
Coroas e lauréis
disputados nos cordéis
Espelho da vida
retrato de um tempo
sem conserto
O nada
fere com tudo
que divaga
no universo
O nada
é vaga
Um
quase nada
quase nada
nos meus versos
O tudo
muda tudo
no mundo
num segundo
No trato
o fato se revela
com mazelas e dá trela
que ilustra
o andar do retrato
Sem saber para onde
corro ou me escondo
da ira ou da alegria
mas me mostro
solto o verbo
dou voz aos ouvidos
e à fala
Dou voltas no meu destino
desabrocho cada dia
rufo minhas elegias
dobro esquinas
sempre na mira e acordo
nos braços da aurora
embalada
pelo sol da liberdade
Nas asas do porvir
eu aqui
tu ali
por
vir
vir
Na mala da vida
o desejo solfeja
num pé só.
Nety Maria Heleres Carrion
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