quarta-feira, 8 de junho de 2011

Elegias - 08062011

Na calçada da fama
rasgam-se véus
mobilizam-se
céus e terras
nessas eras de mitos e fantasias
toldadas pelo ego
que prega dissonância
entre o verbo e a consciência

O pano cai e transparece
a nudez dos tempos
que atropela sentimentos

Na calçada da fama
damas e cavalheiros
peregrinos com escolta
distraídos na peleia
que lhes dá arrimo e os apruma
no caminho da arte

O bastão
de mão em mão
muda a rotina
aqui
ou na china

Coroas e lauréis
disputados nos cordéis

Espelho da vida
retrato de um tempo
sem conserto

O nada
fere com tudo
que divaga
no universo

O nada
é vaga

Um
quase nada
nos meus versos

O tudo
muda tudo
no mundo
num segundo

No trato
o fato se revela
com mazelas e dá trela
que ilustra
o andar do retrato

Sem saber para onde
corro ou me escondo
da ira ou da alegria
mas me mostro
solto o verbo
dou voz aos ouvidos
e à fala

Dou voltas no meu destino
desabrocho cada dia
rufo minhas elegias
dobro esquinas
sempre na mira e acordo
nos braços da aurora
embalada
pelo sol da liberdade

Nas asas do porvir
eu aqui
tu ali
por
vir

Na mala da vida
o desejo solfeja
num pé só.

Nety Maria Heleres Carrion

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