Sobre mim
pesam-se os meus ais
Delírio mortal
em partituras
medievais
Sobre mim
caem aos pedaços
os destroços do nada
Na pele corada do sol
dissolvem-se
os sais da melancolia
atiçados pelo pranto jocoso
instalado em mim
Sobre mim
o peso dos anos oscila de leve
nos tímpanos do tempo
Sobre mim
o verdor dos tempos
desperta o esplendor
no peito desperto
E o que resta de mim
não é tão ruim assim
É peça que arde
sem pressa
Para mim
o agora é o tudo
e o tudo é o agora
que trago num afago
bem perto de mim
Sou pena
que tateia o mundo
A minha linguagem temporal
é arte que desfila num pé só
e não dá ponto sem nó
É voz principal
da orquestra imperial
Performance explosiva
como se não houvesse
o amanhã
É voz principal
da orquestra imperial
Performance explosiva
como se não houvesse
o amanhã
É pó que viaja
na cena musical
Nety Maria Heleres Carrion
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