sábado, 24 de julho de 2010

Por que - 24072010

A fé que transita
nas entranhas da alma sacode a poeira
recostada nos becos
das paradas soberbas e despeja sabedoria
nos biombos do amanhecer

Nem tudo que reluz traz o soldo do suor
que abastece os caminhos
recortados da vida

As preces mexem
com as visões temperadas
nas mentes orladas de passagens douradas
pelo sol da temperança

Os sinos que trovam na torre do templo
deslocam melodias nos badalos
das ruas

Digito saudade
nas teclas da imaginação
com tons da emoção
no coro sacudido
da lembrança

Sento meus olhos no escuro e depuro gosto
disforme do banquete extraviado
nas bodas desfeitas

Me recosto
na festa do riso e hiberno na moita dos sonhos
onde abraço a semente retida no templo de eros
mero espectador de cenas arcaicas
nas telas mágicas
dos estágios
febris

No trem da alegoria disparo os vagões
da fantasia revestidos de cantos e magias
assumidas nos apitos sonoros

Traço
meu compasso e valso
no ritmo do tempo
que transita nos reflexos foscos
das imagens nebulosas
do verão

Doso pranto e alegria no sustenido da vida
sem saber se me conforto ou me desfio
entre o tudo e o nada
começo ou fim
da jornada

O retrato
clandestino furta imagens descoradas
nas paisagens do dia

Por que
me arrasto a teus pés

Por que
me lanço para trás e no asfalto
dormido junto espigas e debulho
as sementes da vida

Por que
me roça o gemido
fisga ferida e sopra desditas
nas corbelles da vida

Por que
o belo me evita e só a sombra
me assiste onde o sonho pendura as agruras
nos fios da ilusão

Por que
o pranto cerceia as paredes do ser e regurgita
a dor ensaiada na aquarela
do tempo

Retoco
o ambiente com as cores que transitam
no meu ser

Nety Maria Heleres Carrion


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