Nessas horas de quarentena
eu aqui ou ali a bordar
o tapete mágico
da paz
Para alçar voo sem destino
sem parada no universo
sem fim
Eu ali cheia de propósitos magistrais
absorta nos prognósticos
de cura do corona
Que infesta o mundo
E lá naquele mundinho distante
prolifera o jugo dos mortais
sem dó nem piedade
Prolifera a ambição
de dominar o mundo
que Deus fez para mim
para ti para todos
Ambição desmedida de querer
sempre mais laçar o mundo para si
e aquecer a ânsia do ter
do poder
Isso tudo me tira do sério e me lança
um carrossel de conjecturas
dos propósitos reais de espalhar
vírus e mais vírus no mundo
De testar as cobaias do mundo
para ter o prazer de ver o mundo rodopiar
Aprisionar o ser humano
na caverna dos dias
dos meses
dos anos
Aprisionar a fala
o convívio social
Que embala as criaturas criadas
por Deus para dignificar a raça humana
sem menosprezar esse ou aquele
Alienação social/física/mental
numa quarentena desproporcional
Exílio
Viajo pela casa
em companhia da clausura
Reviro os guardados à procura da cura
para reverter os males que infestam
pensamentos obras ações
Os neurônios vagueiam pelo universo
em busca de um sinal de cura
que pernoita no mundo
das ideias
Mundo desgarrado do universo
Nesse universo sem fim
o que seria de mim
sem o abraço
do mundo
Palavras num voo pelos rios
pelas matas virgens das ideias
para encontrar o elo que sustenta
o pensamento
Nessa guerra biológica
nesse torvelinho de emoções
um eco de paz
Retiro o éter das palavras e jogo
para o alto para depois ordená-las
de maneira singela e doce
Extraio o suco das palavras
e dou destino ignorado
Para que se esforcem e retornem
cheias de estilo e glamour
Na quarentena me visto de ilusões
para mascarar as desditas
E perpetuo
minhas emoções
Nety.