domingo, 26 de agosto de 2012

Tempero poético - 26082012

Abandonada
nas coisas mais simples
suspiro dobrado
pelo que posso recuperar
na noite assombrada
pelos apelos
do coração

Que se agita
 na passarela do sono e segue adiante
como se tudo fosse um nada
diante da passagem simples
do tempo

Que consola
dá abrigo e descola mensagens
cobertas de razão

Arte da vida
que traduz a partida como chegada
reduz contatos
desfia imagens carregadas de luz
clareia as sombras
que se apoderam
dos dias

Qualquer coisa
é melhor
do que a partida dos ideais
sem deixar vestígio

Sonho desnudo
na pele muda
restos de fantasias
dispersas no ar

No calor
da emoção o sonho
desliza nos galhos da aurora
e goteja o adeus
na calha
do sentimento

E tudo
é nada e o nada
é tudo
que se dispersa nos cantos da casa
e com furor rubro
embalsama o infinito e perpetua
o tudo e o nada
na desdita clara e madura
que se abate
nos tempos e tenta a cura
na madrugada
da alma

Alta dosagem
acorda a paciente alma
que se retorce
num mar de lágrimas

O tempo
dá colo e acolhe enfermo
chuta arestas que entalham alma
desfeita em emoção

Não dá para deixar
tudo
passar em branco
na ponte
da amizade

É preciso
desatar os nós
da incompreensão e erguer
o corpo caído
na passagem estreita
da vida

Jogo
as teias do passado
no fosso do esquecimento
para que não enleie
meus pensamentos
nessa era
digital
onde neurônios ativos
circulam pelos polos
da inspiração e dão seu aval
aos apelos da memória
abastada e rica

Só assim
a vida em mim
será um presente leve
com tempero
poético

Nety

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