quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Refresco das horas - 19102011

Sonho de verão
derrete o gelo
estampado na face
do tempo

Esconde o rubor
dos eternos galanteios
nas noites do pensamento

Gera intrigas
chega a consensos
no balanço pipocado
pelo cansaço do vento

Sonho que se esvai
esbarra no trem bala e dispara
em ziguezague
não sabe se retorna para a primavera
ou desce em qualquer estação

Sonho de verão
no inverno da vida

Sonho
nada mais que um sonho
que a névoa apaga
aquece
esfria
para o real

Que se achega sem licença
entra como se sua
fosse a casa
detona inquilino
toma conta de tudo

Um sonho apenas
gotas cristalinas
espelhadas
nos molhes da vida

Brisa no refresco das horas
que embala o sonho
nos serões
das madrugadas

Na marquise do tempo
o sonho roi a corda e despenca
no abismo
do pensamento

Nety Maria Heleres Carrion

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