Sonho de verão
derrete o gelo
estampado na face
do tempo
Esconde o rubor
dos eternos galanteios
nas noites do pensamento
Gera intrigas
chega a consensos
no balanço pipocado
pelo cansaço do vento
Sonho que se esvai
esbarra no trem bala e dispara
em ziguezague
não sabe se retorna para a primavera
ou desce em qualquer estação
Sonho de verão
no inverno da vida
Sonho
nada mais que um sonho
que a névoa apaga
aquece
esfria
para o real
Que se achega sem licença
entra como se sua
fosse a casa
detona inquilino
toma conta de tudo
Um sonho apenas
gotas cristalinas
espelhadas
nos molhes da vida
Brisa no refresco das horas
que embala o sonho
nos serões
das madrugadas
Na marquise do tempo
o sonho roi a corda e despenca
no abismo
do pensamento
Nety Maria Heleres Carrion