Que penso eu nesse trajeto
onde dou espetáculo ou me retenho
onde me alicio ao cantar do tempo
me posto junto ao firmamento
faço proposta
dou aposta
Tenho as costas largas
suporto corridas
amargas ou doces
Me entretenho com as palavras
que brotam descem saltam
se enlaçam
para que o mundo me conheça
se abasteça do que penso
e me rodeie
com suas bênçãos
Só isso me chega e me pega de surpresa
nessa hora em que destilo ousadias
na emoção de cada dia
que começa com promessa e finda
colada a uma prece
É só isso e isso é tudo
que me faz ficar mudo
ou me leva a gritar
pelos vales e montes onde atuo
com cenas histéricas
centradas na esfera
em que vivo
E só disso me alimento e me transformo
como se nenhum sinal distraído
se achegasse ao meu eu
Só eu sei o que me aperta
e o que desperta um ai de consolo
que destila cenas de todos os tempos
Tudo sói no palco heróico e o depois
remove lembrança que dói
mas aquece como o sol
de todas as manhãs
Bebo tudo num só gole
sem pensar em nada
para que esse manjar se incorpore
ao meu estar
nesse instante milenar
No espaço sem fim
busco a essência de todas as coisas
entre o concreto e o abstrato
Busca perene
dos estratos da alma
Divago
mas não estrago esse espaço
inserido em mim
Cresço
de dentro para fora
renasço
me acabo
ou me fortaleço
Não jogo nada fora
sem antes dar afago e guardo
no memorial dos séculos
para que sua linguagem flua
bordada de mensagens
Nety Maria Heleres Carrion
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