quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Boneca - 08022010

A dor ensina a gemer e o gemido ressoa
como alerta para o sonho que se vai
espetado pelos espinhos
da vida

E nesse voo tão alto o fato se revela
atrelado às vozes que o repelem

Sons imagens num percurso extremo
das barbeiragens do tempo


A dor ensaia gemido pelos caminhos
grisalhos da alma

Rejeita consolo e jaz no agouro
das preces

Virtuoso gemido no queixo tremido
da sofrida alma

Dor e gemido lado a lado parceiros
de tudo consome gemido
em greve com a terra

Gemido sofrido prescrito no olhar
abastece carinho


O resto da dor ecoa de leve
no gemido

A doçura no olhar perdura
no tempo e derrama suor
nas teclas do pensamento

No mundo insano olhos abertos
reclamam habite-se no recinto
orfeônico

Olhos abertos queixo tremido
reclama vida calcada nos anos


Lençol de lamúrias lágrimas
pensantes descem da fonte
seca

Corpo rijo e cheio de ilusões
desperta para a maciez
da vida


A soneca habita o corpo
da boneca e desperta
com as notas musicais


Reclama pedido de auxílio
extraviado nas trevas
do sentimento

Nety Maria Heleres Carrion

Nenhum comentário: