toma conta do pedaço e só se vai
quando os destroços
viram fumaça
Nesse espaço de tempo
o alento percorre o porão da saudade
vasculha e paralisa a memória
que se esconde sob um véu de sombras
Intercala quietudes e falas
enroscadas nos serões da madrugada
O dia acorda alheio à noite
que chegou e apagou
sem dar explicações
Num estalo
se fez dia
A noite sem orvalho
sem trevas
clareou e basta
O dia cresceu
dentro de mim e as cores
coloriram o meu viver
Sombras e luzes
nos albergues do pensamento
liberam tarefas
exaurem cascatas de luz
sobre a noite e despertam mazelas
com aquarelas
Frescor
de primavera
Nety